Mesmo encoberta pela aparência, que a sensação da “democrática livre escolha” estabelece, a televisão é detentora de uma linguagem uniformizante, negadora do indivíduo. Isso é camuflado no reforço da linguagem coloquial, explorando recursos lingüísticos de contato e deixando transparecer que trata o telespectador como indivíduo (função fática). Essa simulação só é eficiente quando a função fática é dirigida à família “como idéia”, ou seja, em indivíduos dominados por relações familiares. Essa circunstância é fundamental, pois estabelece que a televisão utiliza uma linguagem própria para um receptor que estará reunido “na parte da casa onde se concentra a atividade coletiva”.
É importante lembrar que em meados da década de 70, nos lares só havia um aparelho de televisão, este que se concentrava na sala. Assim todos os membros se reuniam na sala para assistir os programa. Com o tempo, percebe-se que ocorreram algumas mudanças, a queda dos preços e a sua portabilidade terminaram por espalhar a televisão em vários compartimentos da casa ( cozinha, quarto e até no banheiro) e também fora dela também. Hoje é comum encontrar televisão nos restaurantes, consultórios, repartições, hotéis, carro e até no celular.
Todo esse esforço em ambientar a TV à família busca estabelecer uma não reação a sua presença. A partir da sua aceitação, com naturalidade, a televisão "finge ser os olhos da família" assestado para a espontaneidade sobre os acontecimentos do mundo, escondendo a sua condição de olhar hipnótico e imobilizador do sistema. Não é a imagem em "sua autonomia" que envolve o receptor, e sim o " espaço televisivo enquanto campo de significado", por suas singularidades. Esse ambiente de familiaridade buscado define para o apresentador ou animador um papel fundamental. É ele que estabelece o contato de intimidade com o receptor.
No espaço televisivo o ator/apresentador trabalha sempre aspectos fáticos. Envolve o espectador na ação, caminhado em sua direção, ou fazendo gestos em direção à "sala". Há uma técnica de representar/falar para a televisão. Uma outra característica da televisão é a sua predisposição para o enquadramento de detalhes. Entretanto, hoje já se discute o advento da TV Digital, os efeitos denunciadores, limitações artísticas e estéticas, provocados pela alta defininção das imagens. Maquiagens sobre rostos evelhecidos de atores seriam facilmente identificadas a partir de um close. Expressões faciais indevidas num determinado momento de interpretação de uma novela, destruiriam o desemprenho do ator.
Já que toquei sobre o assunto da TV Digital, vale lembrar que são investimentos altissímos ; na TV analógica a transmissão é feita por meio de ondas eletromagnéticas, já na digital a transmissão é transformada em bits. As vantagens é que a qualidade de imagem e som é de alta qualidade, haverá interação com o telespectador, acesso a e-mail e capacidade de funcionar de forma semelhante a um computador, com acesso a internet, permitindo por exemplo a compra de produtos ou consultas ao site da Receita Federal. Haverá divisão de um canal existen te em até quatro canais, aumentando a "qualidade" dos programas e de competidores. Mas a questão é que será que as pessoas terão o poder de decidir, votar na programação, uma vez que é própria mídia que interfere no meio social é a mídia que forma pessoas cada vez mais sem cultura, sem pensamento crítico?!
A mídia televisiva tem a capacidade de produzir e reproduzir uma determinada realidade. Identidades pessoais e sociais são, também, construídas a partir do complexo ideológico da mídia. Esse aspecto torna-se mais evidente quando o poder que a domina é exercido de forma hegemônica.
A linguagem de dominação terminou por estabelecer aspectos técnico-instrumentais específicos para cada veículo de poder. Assim como nas escolas, igrejas, locais de trabalho, atuam operadores dessa produção/reprodução, devidamente adaptados aos seus meios, na televisão também ocorre esse fenômeno, com suas singularidades.
Fica aqui uma pequena opinião minha sobre o assunto, e eu acredito que as pessoas devem ler mais, e não se limigar na televisão.