domingo, 24 de outubro de 2010

Idosos sobrevivem a dura realidade de Alagoas

Mesmo com direitos garantidos por lei, a maioria dos idosos enfrentam a realidade de serem excluídos da sociedade


O envelhecimento é um fenômeno biológico, psicológico e social que atinge o ser humano na plenitude da sua existência, modificando sua relação com o tempo, com o mundo e com sua própria história. Assim, que chega aos 60 anos, são de certo modo, desprezados e excluídos da sociedade. Os idosos sentem na pela o retrato mais fidedigno do desprezo e da iniquidade.




O aumento da longevidade e a redução das taxas de mortalidade, nas últimas décadas do século passado, mudaram o perfil demográfico do Brasil. Rapidamente deixamos de ser um “país de jovens” e o envelhecimento, a princípio, deveria ser uma questão fundamental para as políticas públicas.


A participação de idosos na população brasileira aumentou significativamente entre 1999 e 2009, um crescimento de aproximadamente 6 milhões de idosos ( pessoas com mais de 60 anos de idade). O dado faz parte da Síntese de Indicadores Sociais 2010 e retrata a tendência de envelhecimento da população brasileira. Hoje a expectativa do brasileiro é em média 75 anos.



Mesmo com todas as circunstâncias a favor do idoso que proporcionaram o aumento da expectativa de vida, volta e meia encontramos relatos de abando, humilhação, tortura. As famílias ainda não conseguem encarar a “velhice”, muitas por medo, outros não conseguem encarar um mal que está aparecendo com mais freqüência: o Alzheimer.



O Alzheimer é uma forma comum da demência. É uma doença degenerativa e que ainda não tem cura. Atinge normalmente pessoas com mais de 60 anos. O sintoma mais comum é a perda da memória. O que torna o convívio muito difícil com a família

Dia a dia

A aposentada Zuleide Rodrigues Rocha tem 74 anos e reclama que para quem é independente, fica complicado admitir a terceira idade. “É muito complicado admitir que sou idosa. Sempre fui independente, e continuo saindo sozinha, pego ônibus, mas sempre tenho medo de atravessar as ruas, os motoristas não tem respeito, não dão passagem”, frisou a aposentada.


Ela conta ainda que sofreu uma queda quando estava caminhado na calçada, devido as irregularidades dos passeios públicos. “Estava sozinha quando cai, a calçada estava com vários buracos e eu não consegui me livrar de todos. Tive sorte de não ter quebrado nada”, desabafa a Srª. Zuleide.




Para tentar driblar os “males da velhice” a aposentada faz atividades físicas, caminhada todas as manhãs dentro do condomínio onde mora com a família. “Tenho que me cuidar, principalmente da minha saúde que já não é mais a mesma”, afirma a aposentada.



A maioria dos idosos reclamam, frequentemente, dos custos com remédios, o que compromete quase toda a aposentadoria. Mesmo com a ajuda que o governo oferece, em muitos casos eles não conseguem comprar todos os remédios que precisam, e com a carência de certos medicamentos na rede pública, a única alternativa é esperar.


Já o idoso Benedito dos Santos, preferiu se afastar do convívio da família, “Não confio na minha família, eles sempre quiseram meu dinheiro. Vi um caso recente de uma mulher que deixou a fortuna para a sua cadela, se eu tivesse uma também faria a mesma coisa”, desabafa Benedito.



Ele conta ainda que sua caminhada não foi fácil, e que sempre batalhou, possui duas empresas e imóveis, porém não tem herdeiros, e hoje briga na justiça para que sua família não desfrute dos bens. “Me isolei dos que se dizem “minha família”, é muito ruim quando as pessoas estão perto de você por conta de dinheiro. Ele só traz conforto, mas não felicidade. Por isso que não deixo nada pra ninguém”, frisou o empresário Benedito Ramos.



O idoso. identificado apenas como José, de 66, fala que foi abandonando pelo filho, que além de abandonar, deixou o pai na rua sem dinheiro. “Só tinha meu filho, e ele foi embora, levou os documentos que eu tinha. Já tentei ir para um desses abrigos, mas como não tenho dinheiro, nenhum me quer. Só Deus está comigo”, desabafa o morador de rua José.



Asilo




A palavra ‘abrigo’ e ‘asilo’ não é mais utilizada para identificar o local que muitos idosos preferem ou simplesmente são obrigados a passar o resto de suas vidas. Hoje esse termo deu lugar a casa de longa permanência. Em Alagoas são poucas as casas que funcionam com o mínimo de decência com o ser humano.



Essas casas sobrevivem, em sua maioria, de doações, porém os idosos que possuem condições financeiras para pagar, ajudam com o dinheiro da aposentadoria, a manter a estrutura das Casas. Um exemplo disso é a “Casa do Pobre”, localizada no bairro do Vergel do Lago, que abriga 80 idosos.



De acordo com a irmã Marilene, que cuida e organiza a Cada do Pobre, o limite mínimo de idade para o idoso conseguir entrar na Casa é de 60 anos. A instituição vive de doações e da ajuda de custo de cada morador do lar, que é o dinheiro da aposentadoria.



“Hoje a Casa do Pobre está com funcionando com o limite máximo, vivemos de doações de pessoas anônimas, do governo e do valor mínimo de aposentadoria de cada morador do lar. Mas infelizmente muitas vezes enfrentamos necessidades”, relatou a irmã Marilene.



Mas esse é um lar que possui qualidade, e atende as necessidades dos idosos. Porém essa é uma realidade muito diferente de outras instituições, que não conseguem atender a demanda, superlotam os locais e não consegue oferecer o mínimo de conforto.



“Além das dificuldades, também enfrentamos o abandono. Tem família que chega deixa seus parentes aqui e nunca mais aparecem. Isso é muito ruim para o idoso, que em sua maioria desencadeia um quadro de depressão”, desabafa a coordenadora da Casa do Pobre, Marilene.



Muitos idosos não conseguem vaga nessa casas de longa permanência, ou pelo fato de não ter condições financeiras para pagar ou porque as casa não tem vaga. A Secretaria Municipal de Assistência Social não permite que essas instituições recebam pessoas que menos de 60 anos, para que a casa não fuja do foco, que são os idosos.



“Essas casas são para os idosos, idade compreendida de 60 anos para cima. O que antes não acontecia. Nós temos a ciência que não são apenas os idosos, mas pessoas com certas limitações físicas e psicológicas que também precisam das casas de longa permanência, já que as famílias ou abandonam ou não tem condições para cuidar. O fato é que em nosso Estado, há poucas casas que abrigam essas pessoas, e com isso, temos que fazer certos tipos de restrições”, frisou o secretário municipal de assistência social, Francisco Araújo.



Mas há vários idosos vivendo em condições precárias nas ruas, sem casa, moradia, carinho, remédio. Ficam a mercê do próprio destino, a espera de família, e do principal: uma maior atuação do Poder Público, com estes que a sociedade infelizmente exclui.

Família

A maior dificuldade que os idosos enfrentam é o abandono da família. Muitos por não saber lidar com o envelhecimento, não têm paciência, e acabam desprezando. Outros passam do limite, e chegam a agredir fisicamente e psicologicamente.


Em 1994 o Brasil cria o Estatuto do Idoso, sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que surge como excelência para garantir os direitos fundamentais e até o estabelecimento de penas para crimes mais comuns cometidos conta pessoas idosas.




A Lei 8.842, no seu Art. 3ª diz que é obrigação da família, comunidade, sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e a convivência familiar. Porém, percebemos que essa lei ainda não consegue garantir de fato os direitos conquistados por Lei. Ainda há carência do Poder Público para que seja feita uma maior fiscalização e assim, que possa ser garantido para quem tem mais de 60 anos uma maior qualidade.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Maceió sedia a primeira edição do Concurso Beleza G Nordeste

Vencedora representará Alagoas no Miss Gay Brasil

Alagoas vai ser palco da primeira edição do Concurso Beleza G Nordeste, que será realizado nesta sexta-feira, às 22:30 no bairro do farol, na casa de eventos Regente. A candidata vencedora irá representar o Estado no Miss Gay Brasil Oficial 2011 em Juiz de Fora, em Minas Gerais.





A segunda colocada ganhará uma produção especial do estilista alagoano, Júnior Toledo, para concorrer ao Miss Gay Universo. Já a terceira colocada, representará Alagoas no Miss Brasil Gay versão Nordeste, também com a produção especial do estilista como prêmio. O evento será uma forma de divulgar e elevar a arte do transformismo alagoano e fugir dos estigmas existentes na sociedade.




A exigência para inscrição é que a candidata seja transformista. Para mais informações sobre inscrições e ingressos pelo telefone 82- 8815-8603.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Indignar-se é Preciso: No limite da espera

Indignar-se é Preciso: No limite da espera

Mundo virtual: uma realidade cada vez mais precoce

Crianças estão utilizando internet cada vez mais cedo. Especialistas alertam para os riscos da ferramenta em crianças e adolescentes.

Dez entre dez crianças e adolescentes tem como brinquedo favorito o “computador”, que tem como uma forte aliada a internet. Porém há um universo de possibilidades de acesso, entre eles os sites de conteúdo impróprio, que os pais tentam ter o controle do que os filhos devem ou não acessar.


De acordo com pesquisas divulgadas a média de acesso em outros países é de cerca de 6 horas por semana. Já os brasileiros lideram na lista de crianças que passam mais tempo on-line, passando em média 18 horas semanais.

Para afastar os adolescentes do computador, o Estado do Mato Grosso do Sul aprovou uma lei que proíbe os menores de 16 de entrarem em lanhouses e casas de jogos.

Em Alagoas, mesmo sem uma pesquisa sobre o tema, é possível perceber que a internet faz parte da rotina dos pequenos. Com apenas cinco anos, Lucca Costa Paes já é fera no computador. Navega em sites, participa de jogos on-line e por incrível que pareça, não consegue mais viver sem computador.

De acordo com a mãe do menino, Luana Paes, está sendo muito difícil controlar o filho, e que ela tem que muitas vezes obrigar ele ir brincar com os amigos. Ela conta que chegou a tal ponto que na ausência do computador e do vídeo game, a saída que ele encontrava estava nos jogos do celular.

“É muito complicado, principalmente por ele ser muito novo. Perdi as contas de quantas vezes obrigo ele a brincar com os amiguinhos no condomínio. Quando percebi que ele estava deixando as brincadeiras de lado, comecei a ficar no pé. Até o celular eu tive que controlar, porque ele jogava muito”, afirmou a mãe de Lucca, Luana Paes.

Família

De acordo com a psicóloga Silvana Barros, os valores da família estão se dissolvendo, e que para uma criança é mais fácil ficar viciado em jogos eletrônicos que uma pessoa adulta.

“Os papéis estão trocados. As famílias estão se acomodando. Com a ausência da família as crianças e adolescentes buscam o que falta em casa na internet, fazem amigos, chegam a tal ponto de não sabe discernir o real do virtual”, afirma a psicóloga Silvana.

Ela ainda fala que o que estamos presenciando é um fenômeno da hiperealidade, ou seja, uma realidade acelerada, as crianças e adolescentes estão cada vez mais buscando nos jogos eletrônicos na ausência dos pais.

“É falta de família. Hoje os pais trabalham o dia todo e não tem tempo para os filhos. Quando tem um tempinho, devido a correria do dia a dia, ele não tem paciência e é mais cômodo deixar os filhos com a tecnologia”, frisou a psicóloga Silvana Barros.

Brincadeiras infantis

Antigamente as crianças brincavam nas ruas, os pais não se preocupavam tanto, hoje não mais espaço para as brincadeiras infantis, correr, jogar bolar, pular amarelinha, jogar bola de gude.

Os pais se sentem mais confortáveis com os filhos em casa, eles alegam que o mundo está muito violento e que com a internet e os jogos eletrônicos eles possuem uma garantia que os filhos irão ficar bem.

“Na minha época era diferente. Eu saia pelas ruas, não me preocupava com violência, na verdade eu nem sabia o que era. Hoje nem esse espaço eu vejo para que meus filhos possam brincar. Só deixo eles brincarem na área de lazer do condomínio, mas na rua fica impossível”, afirma a funcionária pública Maria das Neves.

Para os pais é muito difícil admitir que as crianças não estão tendo infância, mas a única que eles encontraram de afastar os filhos da violência das ruas, é a entrada do mundo virtual na vida dos pequenos.

No limite da espera

Consumidores que enfrentam as filas dos caixas rápidos dos maiores supermercados da cidade reclamam não só do tempo na fila, mas da carência de embaladores.

Ninguém gosta de esperar horas nas filas, principalmente quando essa espera é para fazer as compras para a casa. Esperar para ser atendido na fila de grandes supermercados em Maceió, está se tornando quase impossível. Os consumidores frequentemente reclamam do grande tempo perdido nos caixas rápidos e ainda, que além de esperar cerca de 1hora, há uma carência de embaladores junto ao caixa.


Nos grandes supermercados de Maceió, percebemos o descaso com o consumidor, além da não contratação de profissionais qualificados para embalar as compras, os próprios consumidores é que possuem o dever de embalar as compras. Com isso, eles chegam a gastar cerca do triplo do tempo que se estivessem junto ao caixa um embalador.

Apesar de não ter nenhuma lei no município de Maceió que exija esses profissionais em cada caixa, o Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor (Procon), disse que está se mobilizando para evitar os constrangimentos nas filas. De acordo com o fiscal Ricardo Dias, diante do grande número de reclamações, a entidade pretende incluir a idéia adotada em outros estados.



Carência



A consumidora Betânia Lima reclama da falta de profissionais para embalar as compras, e que seria “caixa rápido” se torna uma fila comum. Ela ainda fala que em alguns estabelecimentos há uma placa com o tempo máximo nos caixas rápidos é de 15 minutos, e que infelizmente está sendo desrespeitada.

“É uma falta de respeito com o consumidor. É um desgaste muito grande esperar 1 hora na fila. Há supermercados que possuem placa com o tempo máximo na fica rápida de 15 minutos, mas com a ausência de embaladores, isso é impossível. Quando estava na fila, várias pessoas reclamavam do tempo gasto na fila de um supermercado no bairro da Gruta”, frisou a consumidora Betânia Lima.

Ela ainda lembra que sempre quando vai as compras procura saber se há embaladores nos caixas e que já fez várias denúncias por escrito no balcão de sugestões dos supermercados. E que só vê embaladores na fila do caixa preferencial.

“Eu faço o papel de fiscal, olho se os caixas possuem embaladores, mas eles sempre falam que esses funcionários estão em horário de descanso. Deveria ter mais profissionais para não haver esse descaso com o consumidor. Já cansei de deixar sugestões, pois nunca são atendidas”, desabafa Betânia.

O consumidor Samuel Ferreira fala da deficiência do serviço, e que há poucos embaladores para atender um número grande de caixas. “É um absurdo, eu tenho que embalar minhas compras, já que não tem o profissional, ou quando tem é pouco, e não atende a demanda. Por isso que mudei meu horário de fazer as compras, só faço depois das 22h, porque a fila é menor”, frisou Samuel.



Descaso



O Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor (Procon) informou que em Alagoas ainda não há nenhuma Lei que garanta ao consumidor o tempo máximo nessas filas, nem a exigência de um embalador em cada caixa.

“Ainda não há nenhuma lei que exija a função de embalador nos caixas, nem o tempo máximo que os consumidores devem esperar. Mas nós começamos esse mês uma fiscalização a respeito da diferença dos preços das gôndolas para os caixas, e pretendemos incluir a questão dos embaladores e do tempo na fiscalização, para sugerir uma lei que garanta os direitos do consumidor” informou Ricardo Dias, fiscal do Procon.

A Associação dos Supermercados de Alagoas (ASA) informa que não interfere em relação ao número mínimo de contratação dos embaladores. E a

Procuradoria Regional do Trabalho diz que só fiscaliza quanto a questão de desvio de função, ou seja, um profissional exercendo atividades de outro.



Caminho oposto



A prefeitura municipal de Lauro Freitas, no Estado da Bahia, aprovou a Lei nº 1.135/05 que obriga a contratação de empacotadores nos estabelecimentos comerciais de produtos alimentícios: se o estabelecimento tiver um número maior que três caixas, fica determinado que eles devem dispor para os clientes profissionais empacotadores. Caso a empresa não cumpra a lei, serão aplicadas multas a serem revertidas para o Tesouro Municipal.

Em São Paulo a lei é recente, de junho deste ano, e ela não é totalmente cumprida. Vários supermercados e hipermercados ainda não possuem pessoas contratadas para exercerem essa função. Para os secretários de urbanismo da cidade, a lei apresenta falhas, e ainda não há a fiscalização adequada para a aplicação de multas.

Diante das reclamações do município de Timóteo, no Estado de Minas Gerais, em 2005 entrou em vigor a lei que exige a permanência de embaladores junto ao caixa. Como há uma fiscalização ativa, os supermercados não dispensam a função de embaladores, esse é um grande diferencial da cidade.



Anexos:

Texto de Apoio

Projeto obriga supermercado em Pernambuco a embalar compra

Uma lei polêmica foi aprovada na Assembleia Legislativa, pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ela obriga os supermercados e “estabelecimentos congêneres” a colocar um embalador por cada caixa. Embora o Sindicato dos Trabalhadores em Supermercados já estime em 4 mil vagas diretas o número de empregos gerados pela lei, especialistas alertam que a norma é inconstitucional.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Supermercados, Carlos Santana, diz que há lojas que oferecem embaladores, especialmente em horários de pico. Porém, afirma ele, um mesmo embalador acumula até quatro caixas diferentes. “É uma reivindicação antiga (ter mais embaladores), pois o caixa que embala desenvolve lesão por esforço repetitivo (LER). Já existem leis assim em outros Estados. Quando a de Pernambuco for regulamentada, vamos fiscalizar com rigor”, afirma. Segundo ele, são 5 mil caixas de supermercados no Estado.

Para a presidente da Associação de Defesa da Cidadania e do Consumidor (Adecon), Rosana Grinberg, qualquer medida que traga conforto para o cliente é bem recebida. “O consumidor sente falta do embalador, principalmente nas grandes compras”, comenta. Contudo, observa, sob o aspecto legal, é difícil a lei funcionar na prática, pois a Assembleia pode legislar em assuntos ligados ao consumo, não em matéria trabalhista.

Na avaliação do vice-presidente da Associação Pernambucana de Supermercados (Apes), Djalma Cintra, nenhuma loja é obrigada sequer a ter embalador. “O consumidor escolhe. Ele pode ir a uma loja que privilegia o serviço, com dois embaladores por caixa, que inclusive vão até o carro, carregando as compras, ou uma loja que privilegia preços e corta custos. Agora, uma loja com cinco caixas precisa de 12 embaladores, o que dá R$ 11.500 por mês. Esse custo sai de algum lugar. A lei vai atrapalhar todo mundo”, critica.

Pedro Henrique Alves, conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE), considera a lei “flagrantemente inconstitucional”. “A Assembleia não tem competência para matéria trabalhista, que é da União. Além disso, a lei viola o princípio da livre iniciativa. Mas é normal, nos Estados, invocar matérias inapropriadamente, para o parlamentar colocar a autoria no currículo. Nesses casos, o Estado pode até não vetar, mas não regulamenta”, analisa Pedro Henrique.

Foto: Michelle Farias
consumidores embalam as compras/ Extra Maceió

domingo, 13 de junho de 2010

Futebol: Uma paixão traduzida em verde e amarelo

Michelle Farias

Às vésperas da estréia do Brasil, o espírito patriota invade população, e as cores da bandeira verde e amarelo, pintam de esperança o país a fora.

Nenhum outro esporte mobiliza tantos os brasileiros como o futebol, oficializado como paixão nacional, mas é na Copa do Mundo que essa paixão fica mais evidente nos rostos dos brasileiros. A rotina das pessoas muda de acordo com o calendário dos jogos e sendo assim os horários dos bancos, comercio, shoppings, repartições públicas mudam também. Durante um mês, de 11 de junho a 11 de julho, os olhos do mundo estarão voltados para o continente africano, mais precisamente a África do Sul. Mesmo tendo sua origem na Inglaterra, o “país do futebol” é sem dúvida o Brasil.

Nos primeiros anos do século XX, a partir de documentos policiais, foi descoberto que quem almejasse criar uma agremiação, era necessário comunicar à polícia. Dezenas de pequenos clubes foram formados, em sua maioria por trabalhadores, que estavam ausentes da história tradicional do futebol. Mas os Clubes pequenos jogavam como podiam: até com uma laranja no meio da rua e duas marcações no chão é possível jogar a famosa “pelada”. Assim a explicação para esta popularização esta na facilidade de praticar o esporte.

Estudos feitos pelo antropólogo Gilberto Freyre, apontou que o talento do brasileiro resulta da miscigenação entre negros, europeus e índios. Acredita-se que o Brasil tem ginga, futebol malandro, que valoriza o drible e que diferencia de todos os outros países. Em 1998 a Seleção Brasileira conquistou o segundo lugar na Copa do Mundo perdendo de 3 a zero para a anfitriã, França. Para qualquer outro país seria motivo de muita comemoração, mas para o país do futebol foi uma tragédia nacional.

A edição do mundial ocorreu 18 vezes, com sete países consagrados campeões mundiais. O Brasil, além de ser o único país a participar de todas as Copas é o único que possui o maior número de títulos mundiais, sendo cinco no total. Possui ainda jogadores memoráveis e inesquecíveis, como Garrincha, Tostão, Sócrates, Zico, Bebeto, Romário e o consagrado rei do futebol, o Edson Arantes do Nascimento, o famoso rei Pelé.

O comentarista esportivo alagoano Walmarir Vilela, que já esteve em quatro mundiais, relata a emoção de ver os estádio lotados “Foi uma honra poder cobrir quatro Copas do Mundo, para mim é impagável a sensação de estar nos estádios e vê a torcida cantando o hino quando o Brasil está em campo”, afirmou Walmari Vilela.
Verde e Amarelo

Ás vésperas da estréia do Brasil na Copa do Mundo, o espírito patriota invade a população, e as cores da bandeira verde e amarelo, pintam de esperança o país a fora. A Seleção Brasileira só entra em campo na próxima terça-feira, 15, mas o clima de Copa do Mundo já se instalou nos corações dos torcedores. Como é o caso de dona Marina, que há anos enfeita não apenas a sua casa, mas com a ajuda dos moradores enfeita toda a rua em que mora.

Há mais de trinta anos Dona Marina mora no bairro da Ponta da Terra, ela conta que tem uma superstição que ajuda o Brasil nos mundiais “Todas as Copas enfeito minha rua e minha casa, mas tem um acessório que não abro mão: é a bandeira do Brasil que já foi do meu pai, e que agora ficou comigo. É uma superstição de família”, relata emocionada Dona Marina.

Não são apenas os torcedores que se preparam para o mundial, bares e restaurantes, principalmente aqueles que já acompanham campeonatos de futebol, também entram no ritmo com atrativos especiais para oferecer aos clientes. Como é caso de um show bar no bairro de Mangabeiras, que além de instalar telões, irá oferecer aos clientes após os jogos, muita música e sorteio de brindes.

Mudança na rotina

Na abertura do campeonato não houve nenhuma mudança em Alagoas, com repartições públicas, comércio e bancos funcionando normalmente. Mas o Governo do Estado já anunciou que nos dias dos jogos o expediente sofrerá algumas modificações: no primeiro jogo do Brasil os órgãos estaduais incluindo a sociedades de economia mista, irão funcionar das 8h às 14h. Já na partida que encerra a primeira fase, dia 25, foi decretado ponto facultativo, apenas a abertura de serviços essenciais irão funcionar.

A dona do salão de beleza localizado na Avenida Jatiúca, na capital alagoana, Luciana Cavalcante, garante que a rotina dos funcionários irá se adequar aos jogos da Seleção Brasileira. “Apesar de não ser fã de futebol, quando chega a Copa eu fico sempre atenta. Durante os jogos, não iremos funcionar, vamos colocar uma TV nos fundos e parar todos os serviços para ver a Seleção Brasileira brilhar”, afirma Luciana.

Como em ano de Copa do Mundo a paixão pelo futebol fica ainda mais evidente, é comum encontrarmos ruas enfeitadas, carros, lojas e até repartições públicas. Esse sentimento é refletido no comércio que há cerca de dois meses antes da estréia do Brasil, já disponibilizava uma série de produtos relacionados ao tema. Esse mês de junho a perspectiva de venda, segundo Federação do Comércio, é de 10% a mais, em relação ao mesmo período do ano passado.

Curiosidades

A Copa do Mundo foi criada em 1928 pelo France Jules Rimet, após ter assumido o comando da instituição mais importante do futebol mundial: a Federation International Football Association (FIFA). A primeira edição do campeonato foi realizada dois anos após, no Uruguai, com a participação de apenas 16 seleções convidadas pela FIFA, sem disputa de eliminatórias, como acontece atualmente. Neste ano a seleção Uruguaia sagrou-se campeã e pode ficar, por quatro anos, com a taça Jules Rimet.

Nas duas edições seguintes do mundial, a Itália conquistou o título. Entretanto, entre 1942 e 1946 a competição foi suspensa em virtude da eclosão da segunda Guerra Mundial. Em 1950 o Brasil foi escolhido para sediar a Copa, o anfitrião chegou à final e disputou com o Uruguai. Mas nem mesmo o calor da torcida ajudou a Seleção Brasileira a conquistar o primeiro título em casa. O Maracanã chorou, e mais uma vez o país do futebol não passou do “quase” por 2X1 o primeiro título da história do país.

O Brasil só ergueu a taça pela primeira vez em 1958, em uma disputa emocionante contra a Suécia, conhecemos o Rei do futebol, o melhor jogador dos últimos tempos: Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Após a conquista do terceiro título, em 1970, o Brasil sentiu o gosto amargo de ficar 24 anos a espera de um título, que só voltou a acontecer em 1994 em território americano.

Este ano a Copa está acontecendo pela primeira vez na África do Sul, um país que, com tantos contrastes, antes mesmo de começar a Copa, já dá de 5 a 0 no Brasil no placar de prêmio Nobel: três da paz e dois de literatura. Com a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o Brasil consegue pela segunda vez trazer o mundial para o país do futebol, que irá acontecer em 2014.

Campeões Mundiais:

1930- Uruguai

1934- Itália

1938- Itália

1950- Uruguai

1954- Alemanha

1958- Brasil

1962- Brasil

1966- Inglaterra

1970- Brasil

1974- Alemanha

1978- Argentina

1982- Itália

1986- Argentina

1990- Alemanha

1994- Brasil

1998- França

2002- Brasil

2006- Itália

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A quebra do tabu

O Grupo União Espírita Santa Bárbara não difunde apenas a Umbanda, há sete anos o Centro realiza trabalhos de inclusão social na comunidade
“Nessa cidade todo mundo é D'Oxum. Homem, menino, menina, mulher. Toda gente irradia magia... A força que mora n'água não faz distinção de cor...”. É com essa música, interpretada por Gal Costa e de autor desconhecido, que podemos definir a filosofia de trabalho do Grupo União Espírita Santa Bárbara (Guesb), criado pela Yalorixá Mãe Neide de Oya D’Oxum, onde dinfunde a Umbanda e ajuda na formação e inclusão de crianças e adultos do bairro do Village Campestre II.

O trabalho social realizado com moradores da comunidade é fruto dos esforços da Mãe Neide, dona do terreiro e responsável pelos cursos e oficinas culturais realizados no local. Há sete anos o Projeto Inaê, hoje “Centro de Formação e Inclusão Social”, tem a finalidade de desenvolver ações voltadas para melhoria da qualidade de vida das crianças, adolescentes e adultos do Village Campestre II. O projeto realiza atividades, como capoeira, teatro, percussão, curso de cabeleireiro, culinária, dança afro-brasileira e corte costura. O que chama a atenção é que o atendimento não é apenas para as crianças, mas também para os pais, possibilitando uma capacitação profissional e inclusão no mercado de trabalho.

O projeto, também batizado de Filhos de Zumbi, interfere e transforma a vida dos participantes, a relação com a comunidade, as oportunidades que foram criadas e que levam em consideração a afirmação, o conhecimento e a vivência da cultura afrobrasileira. São 20 instrutores e colaboradores, divididos nos três turnos, que estão envolvidos com esses cursos e oficinas. Todo conhecimento passado nas aulas tem contribuído para melhorar a autoestima, a autoafirmação da população carente da localidade.

O Guesb, além de contar com recursos próprios da venda dos produtos confeccionados nas oficinas, recebe uma verba mensal do Ministério da Cultura através da Fundação Palmares. Uma das finalidades do grupo é divulgar a cultura afrobrasileira, assim como combater o preconceito e a discriminação contra as religiões de matriz africana. Os 138 participantes, entre crianças, adolescentes e adultos, realizam atividades diariamente no Centro. Recentemente o Guesb recebeu uma doação de dez computadores, ajudando assim no aprendizado dos componentes.

Passeio turístico
O Guesb criou há quatro anos o passeio turístico com o objetivo de divulgar a cultura afro e mostrar a história dos negros no Brasil, além de expor para os visitantes a histórias dos orixás e espíritos dos antepassados. Já na gastronomia, os turistas conhecem um pouco da culinária com um belo café regional, servido na casa de farinha que tem no espaço cultural. “A tapioca e o café no bule são feitos na hora. Aqui eles têm a oportunidade de conhecer uma casa de farinha, fogo à lenha, panela de barro, elementos usados pelos negros”, conta mãe Neide.

O espaço conta ainda com uma sala de atendimento médico. Há dois anos, através de doações de colaboradores, a área da saúde foi equipada e hoje conta com um clínico geral para atender as pessoas da comunidade. Além dos remédios gratuitos que o Grupo consegue através das instituições locais, turistas de outros países contribuem com doações de medicamentos. Também são realizadas sessões de acupuntura, palestras sobre drogas e prevenção do câncer de mama.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Entrevista de emprego

-“Gente vamos fazer um acordo? Eu dou boa tarde e vocês respondem para eu não passar vergonha. Boa tarde pessoal! Gente a razão que me trás aqui é situação de muito brasileiros, o desemprego. Eu tou aqui pedindo uma ajuda pra sustentar a mim e a minha família...”
Essas são as palavras constantes ouvidas no ônibus que fazem a linha da capital alagoana. Quando os execrados da sociedade não estão vendendo algum produto eles simplesmente pedem mesmo, afinal, esta é a única alternativa que eles encontraram para pelo menos amenizar a fome.
Como faço uso dos coletivos públicos para me locomover para o trabalho, volta e meia me deparo com situações engraçadas. Uma delas me recordo bem. Um dia ensolarado, e eu atrasada para uma entrevista de emprego, falava ao celular com a recepcionista, informando que teve um acidente e que chegaria um pouco depois do horário. Mas em meio a conversa, sobe uma menina, magrela, aparentado ter uns oito anos, muito suja e com uma roupa bem menor que seu manequim. Do nada a magrelinha começou a berra que até quem estava do lado de fora e do outro lado da rua escutou.
-“No dia em que sai de casa me mãe me disse filho vem cá. Passou a mão nos meus cabelos olhou em meus olhos começou a chorar...” A letra da música da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano saía em um agudo tão forte que eu não conseguia ouvir a conversa que estava tendo. A recepcionista do outro lado da linha.
-Minha querida não precisa cantar não, eu vou avisar ao chefe do Recursos Humanos que você vai se atrasar, e enxugue suas lágrimas para não fazer a entrevista com cara de choro e inchada.
–Mas eu não estou cantando nem chorando moça, é apenas... Ela nem deixou eu completar foi logo batendo o telefone na minha cara. Na hora morri de raiva da magrelinha que não parava de berrar, mas quando vi a situação dela, fiquei com um sentimento que não suporto sentir: Pena.
Dei a ela uns trocados que tinha na bolsa, ela agradeceu e saiu enxugando as lágrimas
Desci do ônibus e fui em direção a tal empresa, pensando: “O que será que a mulher está pensando. Na certa ela deve está achando que sou maluca, que chora por tudo...”
Ao chegar à empresa, a recepcionista me encaminhou para o Recursos Humanos, e não disse nada. Achei que ela não tinha dado importância à conversa que tivemos. Pensei: “Foi apenas impressão minha”.
Quando entro na sala tinha uma mulher alta e forte de jaleco, ela pediu que eu sentasse. Estava nervosa, fiquei ainda mais.
- Fique a vontade. Quer tomar uma água, café? Como foi seu dia hoje? Você está passando por algum momento difícil? Precisa de ajuda?
Nossa! Não entendi onde ela queria chegar com aquela conversa. Quando olhei mais atenta para o nome que estava escrito no jaleco: Flávia Moura, psicóloga. Entrei em pâni. A recepcionista contou sobre a conversa que tivemos. A psicóloga estava supondo que eu estava passando por um problema difícil!
Que ironia! Ganhei uma consulta gratuita no divã.

sábado, 5 de junho de 2010

O fiasco de uma super produção

O filme sobre o médium Chico Xavier produzido pela Globo filmes não passa de uma biografia, além não acrescentar mais do o público já sabia


Quem esperava uma super produção se decepcionou. O filme não passou de uma biografia medíocre do médium Francisco de Paula Cândido Xavier, conhecido como Chico Xavier. Os fios da história são puxados a partir da entrevista que Xavier concedeu ao Programa “Pinga Fogo”, da TV Tupi. O vaivém no tempo abarca as fases da infância, adolescência e vida adulta. O médium que teve mais de 400 livros publicados e 25 milhões de exemplares vendidos foi a inspiração do diretor Daniel Filho.

As melhores passagens do filme são justamente os diálogos de alívio cômico entre o personagem principal e seu guia, Emanuel, incluindo uma piada sobre a peculiar peruca que Chico insistia em usar. Particularmente o que foi mais interesse foi a passagem de sua morte, que ocorreu em 2002, logo depois que o Brasil foi pentacampeão. O médium falou que só morreria quando o Brasil inteiro estivesse feliz, e assim o fez.

É verdade que poderíamos esperar muito mais de um filme produzido por Daniel Filho, entretanto a produção ficou muito limitada e global: com elenco e produção da Rede Globo. Lastimavelmente o produto final não acrescenta mais do que se sabe a respeito do médium, deixando bastante a desejar no que diz respeito à pessoa dele e sobre a mediunidade. Chico sai e entra de cena como um herói consolidado, um mito inquestionável.

Os movimentos marcantes com a grua enfatizam sensorialmente a temática e ajudam na narrativa visual. As oscilações de travelling valorizam os elementos narrativos, porém nada tão grandiosos. O autor escolhido para interpretar Chico Xavier, na fase adulta é o ator Nelson Xavier, pela sua fiel semelhança com o médium.

Assim, ao contrário do que se pensa, Chico Xavier não representa unanimidade no mundo espírita. Ainda que seguido e admirado por milhões de brasileiros, é do meio espírita mais apegado às tradições de Allan Kardec que vem pesada crítica ao seu trabalho. Ele observou valores do catolicismo, inventando um “espiritismo à brasileira”. Mas será que o espiritismo ganharia a expressividade que tem hoje no Brasil se não fosse a força desse vínculo com a tradição católica? Então quem quiser ente entender mais sobre mediunidade, por favor, não assista ao filme.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

É coisa de cinema


Elinaldo Barros além de publicar livros que falam sobre cinema, ainda arruma tempo para passar os ensinamentos para os alunos

Cinematógrafo, crítico de cinema, realizou trabalhos na televisão sobre o cinema alagoano, lutador incansável pela cultura alagoana. Homem simples de voz mansa e sorriso abundante escreve sobre filmes desde a década de 60. Este é Elinaldo Barros, que nos últimos anos têm dedicado a maior parte do tempo ensinando cinema e divulgando as produções de artistas locais.


No seu currículo já se somam três livros sobre cinema, são eles: Panorama de cinema alagoano, Cine Lux- recordações de um cinema de bairro e Rogato- A aventura do sonho das imagens em Alagoas. Ainda há pretensão de escrever sobre a fase Super-8 em Alagoas. Ele analisa o papel do cine Lux na vida da região e as expectativas do público em relação às sessões e os filmes. Apesar do grande portfólio, Elinaldo gosta de viver nos bastidores culturais.

Nos últimos 15 anos o seu xodó foi comandar a Sessões de Arte do Cine Iguatemi. Ele sempre fez questão de cumprimentar os expectadores após as exibições. Tal qual os super-heróis das telas, recebeu em novembro de 2008 do governador de Alagoas, Teotônio Vilela, a Comenda Ordem do Mérito dos Palmares pelas longas décadas dedicadas ao cinema alagoano; e por manter vivo as produções culturais no Estado.

Através do tema “cinema” desde a década de 70 ele passa para os seus alunos e para a sociedade em geral, como a sétima arte pode ser um forte elemento de cidadania. Ele construiu e mantém vivo durante esses anos um verdadeiro quilombo cultural, onde estão resguardadas as memórias, sempre atualizadas com as produções contemporâneas, do fazer cinema em Alagoas.

Elinaldo lamenta que as locadoras estejam fechando as portas, devido a pirataria, no entanto, não resiste quando passa em uma banca e descobre um filme que ainda não assistiu. “Não importa se é pirata ou não, o negócio é assistir, não há nada mais mágico que um bom filme”, finaliza Elinaldo.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Nordeste: em busca do lixo atômico

Alagoas é um forte candidato para receber o investimento da usina nuclear

A disputa está acirrada, Alagoas é um dos estados mais cotados do Nordeste para receber uma das quatro usinas nucleares, passando por cima de vários estados mais desenvolvidos. As discussões acerca da instalação da usina divide opiniões de ambientalistas e políticos. A “menina dos olhos de ouro” vem provocando abalos na política, afinal, estamos falando de um valor estimado em quatro bilhões de dólares cada.


Angra I é a primeira usina nuclear do Brasil, que começou a ser construída em 1972, mas seu funcionamento só foi liberado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), doze anos mais tarde. A segunda usina, Angra II entrou em operação em 2000. Ainda em Angra dos Reis, estão construindo Angra III, previsto para funcionar em 2015. O Programa Nuclear Brasileiro (PNB) projeta a construção de mais quatro usinas nucleares no país, duas delas serão instaladas no Nordeste.

Diante do contexto político do Brasil, a divulgação da localização das usinas do Nordeste só será anunciada em março deste ano. O interesse cresceu, em cima da instalação das fontes atômicas, devido ao investimento bilionário, mas deverá ser levada em consideração a disponibilidade de água e critérios como: estrutura geológica estável e baixa concentração populacional.

De acordo com o governador Teotônio Vilela Filho, em entrevista concedida para o site Cada Minuto, em novembro do ano passado com a instalação da usina nuclear em Alagoas, haverá um crescimento acentuado na economia do Estado, com a geração de cerca de 4 mil empregos de início, mais renda, mais impostos e royalties . Embora não exista oferta de formação qualificada para a área de energia nuclear em Alagoas.

Para o engenheiro ambiental e superintendente do Instituto de Meio Ambiente (IMA), Adriano Gustavo, a decisão de instalar uma usina nuclear no Nordeste, é pelo fato de que o Rio São Francisco não suporta mais a construção de barragens. Há planos para se investir no município de Coruripe, a pretensão é ampliar o estaleiro e a construção de um porto, que será utilizado para o transporte de urânio.

Divergência de opiniões

A Lei Estadual 5.017/88 proíbe a instalação de usina nuclear, derivados e similares, e a guarda de lixo radioativo e de química letal no Estado. Os outros estados que estão na disputa também possuem restrições constitucionais para a instalação de usina nuclear em seu território.

O Greenpeace, órgão de defesa do meio ambiente, tem se mostrado contrário à essa fonte de energia, devido aos habitantes de áreas próximas das usinas apresentarem um índice maior de problemas de saúde, que são agravados pelos resíduos lançados nos lençóis freáticos e para a Terra. Sem falar nos resíduos atômicos que até hoje os estudiosos não sabem o que fazer com ele.

Ao contrário do Japão, que tem 90% da sua energia produzida por usinas nucleares, o Brasil é o maior país do mundo no uso de fontes de energias renováveis. Quase metade da energia consumida na nação é proveniente de fontes alternativa. Elas são obtidas de fontes naturais, como sol, vento, sendo encontradas facilmente em países tropicais como o nosso.

Onde poderia ser instalada a usina

A exigência para a instalação da usina nuclear é que ela seja instalada próxima à às margens de rios ou mares, fator primordial para seu funcionamento. Há ainda uma preocupação em relação às comunidades próximas, assim é primordial a instalação em áreas com baixa ocupação populacional.

A princípio, o melhor local seria entre as usinas de Paulo Afonso e Xingó, mas segundo o engenheiro sanitarista ambiental, Frederico Passos, o lugar mais apropriado para a instalação da usina em Alagoas seria o município de Coruripe. “Pelas condições econômicas e por já ter um estaleiro, o melhor lugar para instalação seria Coruripe, até porque há um projeto de construção de um porto para que a usina seja abastecida, principalmente com o urânio, matéria prima para o funcionamento da energia”, complementou Passos.

Fontes alternativas

As tecnologias de aproveitamento solar e eólico já estão em fase de maturidade suficiente para permitir sua aplicação comercial, estudos feitos pelo Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) comprova que essas fontes serão bem sucedidas, principalmente em nível internacional. O aumento da eficiência e a redução de custos destas tecnologias apontam para uma tendência de aumento de sua inserção na matriz energética.

O Brasil é campeão mundial na utilização de fontes renováveis. Cerca de 46% da energia consumida é proveniente das fontes alternativas. Mas esse resultado só foi possível graças à produção de energia elétrica por hidroelétricas, que corresponde a 15% do total de energia renovável. Um dado importante é que o Brasil está investindo na biomassa, ou seja, está deixando de lado o gás natural e apostando na energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar.

Para o especialista em fontes alternativas, Wenner Gláucio, a energia elétrica gerada a partir dos ventos é uma saída que o país, e principalmente Alagoas, terá de adotar urgentemente. “O Brasil possui fontes alternativas e ecologicamente corretas. Comparando com a energia hidráulica que é finita, a eólica é infinita e se renova a cada dia”, completa Wenner Gláucio.

“A única fonte de energia inesgotável e externa ao nosso planeta é o sol. Para se ter uma idéia deste enorme potencial, basta dizer que a quantidade de sol que incide na terra durante dez dias é equivalente a todas as reservas de combustíveis fósseis existentes. No Nordeste já existe placas que captam o sol e transformam em energia”, afirma o especialista.



Tecnologia nuclear

Estudos mostram que optar pela fonte nuclear produz uma energia ambientalmente limpa, não contribui com o efeito estufa e não sofre efeitos nas variações climáticas. A energia nuclear faz uso de um combustível nacional, o Urânio. O Brasil é dono da sexta maior reserva de urânio do mundo, matéria prima indispensável para o funcionamento.

Uma usina nuclear abastece apenas uma região com 50 mil habitantes, um espaço equivalente a dois estádios Rei Pelé. Para abastecer o Estado de Alagoas, seriam necessárias 40 usinas nucleares, um investimento aproximadamente de 160 bilhões de dólares. O problema do efeito estufa estaria resolvido, se houvesse lugar apropriado para colocar os resíduos atômicos, e não oferecesse riscos à saúde da população.

Há também uma preocupação para os compradores de energia, ou seja, é preciso saber se haverá público para consumir tal energia. Quando falamos em vender energia é preciso entender que: toda energia produzia é vendida, na verdade ela é leiloada, quem oferecer um valor maior, obtém a fonte. Segundos dados da Companhia Energética de Alagoas (Ceal) a energia produzida em Alagoas é vendida à empresa por 27 dólares

Em março do ano passado, ocorreu um vazamento de material radiativo na usina nuclear Angra II, contaminando quatro dos seis funcionários que estavam no local. A empresa informou em nota que foi uma falha de um dos operadores que esqueceu uma das portas abertas, permitindo a circulação do material radioativo. Ainda foi liberado para o meio ambiente cerca de 0,2% dos limites estabelecidos pela Comissão Nacional de energia Nuclear. Embora os danos sejam poucos, a falha aconteceu e pessoas poderiam ficar gravemente feridas.

Caminho oposto

Depois do acidente ocorrido em 1986, em Chernobyl, cujos efeitos atingem até hoje a população, a Alemanha se mostrou preocupada com os riscos que as usinas nucleares oferecem. Os ambientalistas abriram os olhos da sociedade alemã para os altos riscos de acidentes e ainda, que o destino nuclear dos resíduos é um problema de resolução ainda pendente.

O governo e os empresários decidiram investir mais nas fontes renováveis e sustentáveis e a aumentar a eficiência energética, dando destaque para as energias solar e eólica. Eles ainda apostaram nas pesquisas de desenvolvimento do hidrogênio como opção energética. Assim, a Alemanha pretende ser líder mundial em termos de sustentabilidade ambiental.

A opinião pública alemã foi consultada e entendeu que investir em usina nuclear não vale à pena, principalmente pelo custo bilionário. O Brasil, diferentemente, não solicitou a opinião da população e tem investido fortemente na tecnologia. O Ministro Lobão declarou em 2008 que, até 2058 o Brasil instalaria uma usina nuclear por ano. Um salto bem maior que os declarados “50 anos em 5”, pelo então presidente Juscelino Kubitschek em 1956. Mas percebendo o erro, voltou atrás nas declarações.

A Alemanha prometeu que até 2021 desligaria sua última fonte de energia nuclear. Não será fácil cumprir o acordo, afinal o país ocupa a quinta colocação em consumo de energia. Mas no ano passado as discussões acerca da não desativação voltaram à tona, assim as “usinas seguras” correm o risco de continuar funcionando.

Praças: um espaço abandonado

A violência que toma conta de Maceió afasta cada vez mais a população dos logradouros públicos

Quem já não ouviu falar do carnaval na Praça Moleque Namorador? Dos parques de diversão na Praça da Faculdade? Ou até mesmo das grandes festas na Praça Lucena Maranhão e na Praça dos Martírios? Fim de tarde, crianças brincavam no parquinho, adultos conversavam, jogo de baralho entre amigos, assim era o dia-a-dia das pessoas que frequentavam as praças de Maceió entre as décadas de 1950 e 1970. Nesse período as praças eram sinônimos de lazer e interatividade entre os moradores da comunidade, hoje são sinônimos de abandono e violência.


As pessoas que viveram naquela época lembram que as praças eram local de encontros, onde muitos casamentos tiveram início a partir das paqueras nos bancos das mesmas. “Conheci meu marido quando tinha 15 anos no Carnaval da Praça Moleque Namorador, foi lá que começamos a namorar. A partir daí nossos encontros eram sempre na pracinha”, relembrou dona Maria das Neves de 75 anos, que comemora este ano seus 60 anos de casamento.

Já o funcionário público federal, Jalmo Lima, 50, lembra com certo saudosismo os tempos que podia frequentar as praças de Maceió sem se preocupar com a violência. Na época era comum encontrar festas, parque de diversão, apresentação de pastoril e carro de algodão doce. Após a missa as famílias conversavam na praça até 1h da manhã sem presenciar qualquer ato de violência. “Hoje fico triste quando passo e vejo como tudo está diferente. Até a estátua de um menino abrindo a boca do jacaré foi depredada pelos vândalos”, ressalta com tristeza o servidor público.

As praças que ficam no centro da cidade são as mais afetadas pela violência. A dos Martírios foi invadida por moradores de rua. São famílias que fazem do espaço moradia: “lavam” roupas no chafariz, dormem e se alimentam dos restos que pegam no lixo ou esmolas que recebem de populares, além de realizarem suas necessidades fisiológicas no próprio espaço. Porém o mais agravante é o consumo e tráfico de cola e crack no local. “A fiscalização não consegue atuar nas Praças porque são cheias de ambulantes e moradores de rua. Infelizmente são problemas que não são resolvidos do dia pra noite”, frisa o diretor de Parques e Jardins da Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente, José Rubens.

A Praça Deodoro já foi um dos mais belos cartões-postais do Centro de Maceió, de acordo com registros fotográficos que datam de cerca de meio século passado. Entretanto, hoje o local passa por uma situação de caos: moradores de rua, vendedores ambulantes, sujeira, mau-cheiro decorrente dos dejetos lançados pelos habitantes da praça; uma verdadeira desordem. Segundo o desembargador do Tribunal de Justiça Alcides Gusmão da Silva, após visitar a praça no dia 16 de abril deste ano, disse que iria tomar uma atitude para solucionar a situação “Temos de estudar uma forma eficaz para solucionar definitivamente essa situação da Praça Deodoro, de maneira a assistir esses moradores de rua com os direitos básicos de cidadania", frisou.

De acordo com o levantamento feito pela Secretaria Municipal de Assistência Social, através do Projeto Guardião, 30 pessoas “moram” na Praça Deodoro em situação de risco. 90% desse grupo são usuários de drogas, fator determinante para que permaneçam nas ruas. Uma equipe da Prefeitura Municipal de Maceió já esteve no local para encaminhar essas pessoas para abrigos e Centro de Referência e Assistência Social (CRAS). Entretanto, o coordenador do projeto Arnaldo Capela, ressalta que é necessário ter cautela na abordagem, uma vez que elas não podem ser retiradas a força.

A Praça Sinimbu há muito tempo deixou de ser um espaço de lazer para ser um acampamento dos movimentos sociais de luta pela reforma agrária. É um lugar para protestos que muitas vezes é depredado por aqueles que o ocupam. Segundo o diretor de Parques e Jardins da Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente, José Rubens, fica difícil impedir o acesso de manifestantes, pois os prédios do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) ficam próximos a Praça. Mesmo assim, existe um projeto para reforma da Sinimbu na Secretaria Municipal de Planejamento.

Revitalização das Praças

Em 2007, foi criado um projeto de infra-estrutura que visa recuperar as praças públicas de Maceió, das 154 existentes na capital alagoana, 62 foram completamente recuperadas; elas receberam tratamento de restauração de passeio, pintura, canteiro, iluminação, manutenção das árvores, grama em placas e bancos. Além da recuperação das praças a Prefeitura de Maceió recuperou ainda doze mirantes, as obras garantem um melhor visual dos espaços, devolvendo os pontos turísticos da capital.

A Praça Centenário foi uma das contempladas com processo revitalização. Hoje ela está iluminada, com jardins bem cuidados, calçamento, brinquedos e bancos pintados. Ela que era esquecida e sem brilho, com os investimentos do poder público foi possível resgatar a magia das Praças de antigamente. Entretanto, o medo da violência faz com que, cada vez mais, as famílias fiquem presas nas suas casas e o que poderia ser um ponto de encontro termina sendo um lugar abandonado pela falta de segurança. O símbolo que uniu várias gerações, hoje é temido pela sociedade.
Crédito: Michelle Farias

meninos de rua cheiram cola em plena luz do dia

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Delícias que provocam “suspiros”

Em 1994, o alagoano Luiz Eudes Floripes da Silva, que já foi professor, que já foi corretor e que já foi vendedor de seguros, acompanhou sua esposa em uma entrega numa lanchonete no bairro da Pajuçara, localizada em Maceió, capital de Alagoas. Sua mulher, Marlene Calixto dos Santos, auxiliava nas contas de casa com um negócio próprio: a produção e venda de suspiros. Renda extra que passava despercebida por Luiz, que não colocava fé nas vendas da mulher, até o dia em que, pela primeira vez, foi realizar uma entrega do produto.
O que mudou a visão de Luiz Eudes foi um único garoto, que correndo se aproximou dele e comprou um pacote de suspiro. Prontamente, logo em seguida, a mesma criança voltou com o mesmo ímpeto e fez a compra de outros dois pacotes. Foi então que esse único garoto, na até então, única vez que Luiz acompanhou a esposa numa venda, provocou nele um insight empreendedor: “isso pode dar um bom negócio”, pensou o alagoano em 1994.
Com o preço mínimo do saco de suspiro tabelado em R$ 5, o feeling empresarial de Luiz Eudes o fez apostar nessa nova empreitada, abandonar seu atual trabalho – vendedor de seguros – e montar um negócio com a esposa, focando-se apenas na venda de suspiros. Sendo assim, Marlene, que antes fazia e vendia o produto, ficaria incumbida apenas na produção, enquanto que seu marido assumiria os postos de venda. Entretanto, a realidade inicial desse projeto do casal não se mostrou tão fácil: os clientes não eram como aquele garoto que correu atrás do suspiro.
A princípio, Luiz Eudes confiou apenas no produto de sua esposa e no caso excepcional de sua primeira venda. Com o passar do tempo, a visão do vendedor de suspiro o levou à não confiar apenas no produto, mas também em sua imagem e na maneira como trata a clientela.
Luiz Eudes passou então a se adequar ao mercado e aplicou a estratégia da simpática, da boa conversa e do contato humano com os clientes. Seu primeiro toque empreendedor foi usar a estratégia do “só pague se gostar”. Ou seja, ele permitia que o provável comprador provasse o produto e esperava o aval pela qualidade, com a promessa de que só iria receber pelo suspiro se seu produto valesse a pena. Muitos gostavam e acabavam comprando. Nascia então seu primeiro diferencial: o vendedor boa praça e simpático, que ganha a confiança e amizade do consumidor antes da compra do produto.
Seu outro toque de mestre surgiu quando encontrou a solução para parar de ser barrado. Nas primeiras vendas, Luiz Eudes andava pela cidade de bar em bar usando bermuda e chinelão, munido de suas broas e suspiros, e invariavelmente algumas pessoas se afastavam dele e sua entrada não era permitida em alguns estabelecimentos. Insatisfeito com isso, Luiz Eudes adotou uma estratégia de seus antigos empregos e mudou sua imagem. Ele já usava terno e gravata quando trabalhou em escolas e seguradores e passou a fazer isso em sua nova atividade. E com um par de calças descente, terno, camisa branca e uma gravata, passou a ser tratado diferentemente, foi mais aceito por pessoas e estabelecimento, consequentemente, as vendas começaram a aumentar. Coisas que compensaram pelo calor provocado por se usar terno e gravata nas praias de Maceió: ele diz que o segredo é não se “aperrear”, ser calmo e trabalhar o emocional.
Luiz Eudes passou a ser conhecido na capital alagoana: ele era o boa-praça que vendia suspiros usando terno e gravata. Depois de bares, restaurantes, orla de Maceió e diversas outras praias do Estado de Alagoas, os suspiros chegaram ao elitizado condomínio Aldebaram, no supermercado Palato e até mesmo no Bom Preço da capital. E a fama de Luiz Eudes cresceu: o alagoano se tornou uma figura folclórica, que cedeu entrevistas divulgadas nacionalmente e adquiriu o merecido título de Rei do Suspiro.
Com o passar do tempo, a receita de sua esposa foi se aprimorando. Além do tradicional limão, açúcar e clara de ovo, Luiz Eudes diz que existem oito segredos que fazem o diferencial do produto, mas foi sua abordagem diferente, de maneira simpática e vestido socialmente, que fez o negócio decolar. Na verdade, há um conjunto de fatores: além de ele ser uma figura inesquecível, os turistas que compram o produto vão embora sem se esquecer do sabor alagoano, porque ele é verdadeiramente delicioso.
Assim, crescimento do negócio e da fama do Rei do Suspiro atravessou as fronteiras de Alagoas e vários são os pedidos encaminhados via sedex para estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Sergipe e Minas Gerais. O sucesso é tamanho que a demanda superou seu poder de produção e ele e a esposa foram levados a desistir de continuar com entregas nos supermercados Bom Preço. O Rei já recebeu até convites para morar em São Paulo e lá montar um negócio, mas segue em sua cidade natal, onde é conhecido e onde faz sucesso.
E apesar declaradamente não superar sua demanda, apesar de já ter passado de um negócio com um forno caseiro e uma batedeira comum para dois fornos industriais e duas batedeiras industriais, a estrutura empregatícia de sua empresa não muda desde então. Sua mulher, de 43 anos, segue preparando os alimentos e é auxiliada pelos quatro filhos (Beatriz Calixto Floripes da Silva, 15 anos, Luiz Eudes da Silva Júnior, 14 anos; Isaias Lemos dos Santos, 13 anos e Amara Calixto Floripes da Silva, 10 anos) e o único vendedor é o Rei, a figura folclórica que acredita muito no potencial de sua imagem.
Um dia, Luiz Eudes pretende abrir uma Casa do Suspiro, projeto que encontrasse idealizado apenas em sua cabeça, mas que depende de um galpão que ele espera ser cedido por alguém. Entretanto, mesmo que isso ocorra, O Rei do Suspiro garante que nunca deixará de fazer as vendas nas ruas, o principal motivo do negócio dar certo hoje.
Como corretor, Luiz Eudes vivia de suas comissões que tinha datas incertas e poderiam demorar três meses para chegar. Como Rei do Suspiro, Luiz Eudes diz ganhar pouco por dia, mas ganha todos os dias da semana. Dependendo da temporada, as vendas dos suspiros variam entre 100 e 200 por dia. Ao preço das unidades ficando entre R$ 5 e R$ 10, observasse que o valor diário ganho por sua família é consideravelmente alto, mas Luiz Eudes se mantém simples, trabalhando diariamente em suas vendas itinerantes e com sua casa simples no Jacintinho.
O maior investimento futuro que ele quer fazer, por exemplo, é a compra de um carro para facilitar a venda perambulante.
O homem que tem como lema “o covarde nunca começa, o perdedor nunca tenta, o vencedor nunca desiste”, seguirá com suas vendas diárias e com essa extrema simplicidade de caráter. O alagoano Luiz Eudes Floripes da Silva, que já foi professor, que já foi corretor e que já foi vendedor de seguros, agora é Rei. O Rei do Suspiro.

Case de marketing sobre o Rei do Suspiro alagoano, feito por Ana Paula, Michelle Farias e Thiago Sampaio.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Quem são seus heróis?

      Depois de nove edições o Big Brother Brasil 10 resolveu apelar: se não bastasse as novelas globais apresentarem conteúdo de sexo e nudez, principalmente no horário nobre, a produção escolheu a dedo todos os participantes do programa. Divididos entre coloridos, cabeça, sarados, ligados e belos, eles tentam a cada dia protagonizar cenas da vida real.
      Choro, gritos, gargalhadas e brigas, tudo isso se misturam na casa de luxo e no “puxadinho”. Heróis. É assim que o jornalista e apresentador Pedro Bial conversa ao vivo com os confinados, os mesmos que durante o programa aproveitam festas, comem bem, quando falam sobre sexo, uma porta abre-se e eles ganham bebidas alcoólicas e ainda disputam pelo prêmio de R$ 1 milhão e meio. Estes são os heróis idolatrados pelo jornalista.
      Dourado, Disésar, Morango, Lia e Serginho. Esses nomes tornaram-se tema de assuntos do dia em rodas reais e virtuais. Estes são apenas cinco dos dez participantes do reality show BBB 10. Enquanto isso, cerca de 190 milhões de brasileiros são verdadeiros heróis, que trabalham oito horas por dia, e sustentam sua família com R$510 reais, ou aqueles que tem as calçadas das ruas como lar.
      A demanda por informações sobre o “BBB” movimenta a internet de forma significativa e vai além do site oficial, que superou, de acordo com Ibope, 7,9 milhões de visitantes únicos em janeiro. A mobilização em torno do programa chegou ao ponto de um comerciante por meio de seu blog, oferecer R$ 50 mil para quem ajudasse a eliminar o lutador, Marcelo Dourado do programa.
     Amem ou odeiem o Big Brother, ele se tornou o mais bem-sucedido exemplo de como a relação do assistente com a TV e a Internet está em transformação. Convergências de mídias, interação e mobilização pela web, antes aceitadas muito debatidas e pouco observadas, são algumas das palavras de ordem dessa virada.

Auto de Natal

  É noite do dia 24 de dezembro, seu José se prepara para mais um auto de natal. Com sua fantasia vermelha e seu pesado chapéu colorido de fitas, miçangas, brilho, lantejoula e pequenos espelhos, que imitam igrejas, palácios e catedrais, ele se enfeita para celebrar o natal.


  Os homens usam calções e meias brancas bem longas, imitando as roupas dos nobres e reis da corte, as mulheres usam vestidos com acessórios referentes a seus personagens, tudo isso compõe o visual das apresentações deste folguedo popular alagoano.

  Uma espécie de bobo da corte, denominada por seu José de Mateus, composta por mais de dez homens anunciam durante o dia onde e quando acontecerá o folguedo e o nascimento de Jesus; já à noite os Mateus vestem roupas alegres e abrem a roda ou a dança do boi. Rei, Rainha, Lira, Índios Peri e seus vassalos.


  É chegada a hora, seu José começa a tirar embaixadas e seus olhos brilham como os de uma criança feliz, as embaixadas entoadas pelo mestre são rebatidas pelos Mateus e faz peças de cantoria com a ajuda dos figurantes, que são contagiados com a alegria ao redor, “Guerreiro cheguei agora, Nossa Senhora é nossa guerreira”. As fitas dos chapéus dos personagens são refletidas no espelho começando a se agitar e fundir suas cores.

  Com uma seqüência de músicas poli-rítmicas, em formas binárias, ternárias e quaternárias, representam marchas e falsas. A harmonia é bem simples e fica por conta da sanfona, os pífanos, os tambores e os acordeons agitam a dança, seu o mestre José canta e roda sem parar.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Superação

Andei um pouco afastada do meu blog, mas dois estágios, faculdade cansa mesmo viu?? Estou de volta!


Carnaval é o momento em que as pessoas de diferentes de credo, cor, reunem-se para cair na folia. A campanha da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), diga-se de passagem brilhante e reconhecida nacionalmente, focava a relação de que bebida e direção não combinam!
Outras campanhas falavam dos cuidados para se proteger dos efeitos que o excesso de sol causam, a utilização de roupas leves, sexo seguro. Mas esquecemos de focalizar na violência.
O Carnaval de 2010 superou o de 2009 em número de homícidios em Alagoas. É né se fizermos os cálculos que por dia temos uma média de 10 pessoas assassinadas, em 4 dias seriam pelo menos 40 pessoas que perderiam suas vidas. Até que não estamos tão mal assim.
O problema é estamos nos acostumando com essa violência exacerbada, e esse número gritante de homicídios está tornando-se uma rotina no cotidiano dos alagoanos.
Sequestros relâmpagos, mortes por tráfico de drogas, brigas no trânsito pessoas estão morrendo até mesmo por roubar galinhas e por não ter a mesma opinião que os outros. Depois dessa, vou ficar por aqui, ainda tenho e quero escrever por muito tempo!

ACORDA ALAGOAS!