Em menos de três meses, a rotina da pequena Júlia sofreu uma reviravolta. Pouco antes de ingressar na vida escolar, com pouco mais de um ano, o diabetes tipo 1 foi diagnosticado. Desde então, ela não entendia muito bem o motivo de não poder mais repetir o iogurte ou aquele bolo saboroso e o pior, receber diariamente várias picadas no dedo pequenino.
Dizer que uma pessoa tem diabetes é o mesmo que dizer que ela tem uma quantidade de açúcar no sangue acima do que seria normalmente esperado. Até que isso poderia não significar muito, a não ser pelo fato de que este excesso de açúcar e as alterações hormonais que o acompanham costumam agredir os vasos sanguíneos e alguns dos principais órgãos do corpo humano.
Carolina Lima, mãe de Júlia, lembra que os primeiros sinais surgiram quando a menina tinha um ano. Ela estava comendo além da conta, ingerindo muito líquido, com preguiça, perdendo peso. Era época do Natal quando os sinais começaram a se concretizar.
“Quando fui dar banho nela a fralda estava cheia. Mas não dei tanta importância. Depois de duas horas, já de madrugada, fui vê-la no berço e para minha surpresa, o berço estava ensopado de xixi. Me tremi toda! Olhei cada pedacinho de minha filha com muita atenção e naquela mesma hora, como numa inspiração divina, coloquei na cabeça que ela tinha Diabetes”, desabafou Carolina.
Aos quatro anos Júlia leva uma vida normal. Ela tem a diabetes tipo 1, que é mais comum em crianças e adolescentes, e come de tudo, sem restrições, apenas é preciso controlar a quantidade certa. “Ela já aprendeu, quando sente vontade de comer, já me procura para fazer o teste de carboidrato, para fazer a medição de quanto de insulina ela irá precisar”, afirmou Carolina.
Hoje com o avanço da tecnologia, o controle do diabetes é bem mais fácil. O controle é feito com um aparelho chamado de glicosímetro, onde o diabético verifica diariamente as taxas de insulina que o corpo precisa. O teste é feito 30 minutos antes das refeições para que a insulina faça efeito.
Escolas
Mesmo com toda a informação acessível, a maioria das escolas é despreparada para lidar com a doença. A primeira escola de Júlia não conseguiu administrar o fato de a criança sofrer de diabetes. “Tive que retirar minha filha da escola, porque não senti confiança e neste caso, confiança é fundamental porque é a saúde da minha filha que está em jogo”, colocou Carolina.
A nova escola não hesitou em ser parceira da família. Foi escolhida porque oferece uma alimentação diferenciada, são servidas duas refeições sob a orientação de uma nutricionista. “Essa foi a única que senti confiança em deixar a Júlia. E mesmo assim, fiz folhetos explicativos para todos os funcionários da escola. Foi um exagero, mas em se tratando da vida da minha pequena, o cuidado deve ser maior”, observou.
As escolas particulares, em sua maioria, não conseguem oferecer um tratamento diferenciado. As públicas se afastam mais ainda do que seria ideal para os diabéticos. A merenda é deficiente e a informação dos professores fica a desejar. Carolina alerta aos pais de filhos diabéticos que fiquem de olho na qualidade das escolas e busquem saber se elas são preparadas para atender as necessidades das crianças.
A insulina
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que tem por função facilitar a entrada de açúcar no interior das células. Este açúcar, representado principalmente pela glicose, é fundamental para que a célula produza energia para sobreviver. Assim, a insulina circula pelo sangue e "abre as portas" das células para a entrada da glicose.
Portanto, fica fácil entender porque a falta de insulina faz com que as células não consigam aproveitar a glicose como fonte de energia. É como se nossas células tivessem alimento à sua disposição, mas não conseguissem abrir a boca para comê-lo.
Sempre que a insulina produzida não for suficiente para colocar a glicose para dentro das células, teremos um excesso de glicose do sangue. É o que chamamos de hiperglicemia. Por outro lado, se comermos pouco carboidrato em relação à quantidade de insulina que está circulando, sobrará pouca glicose no sangue. Neste caso, falamos em hipoglicemia.
Índices
Alagoas tem a maior incidência de mortes por diabete no país, em pesquisa feita pelo Ministério da Saúde entre os anos de 1996 a 2007.
A média foi de 56 mortes por 100 mil habitantes no ano de 2007, contra proporção de 26 por 100 mil, no estado de São Paulo.
Em 2007, as doenças crônicas responderam por 67,3% das mortes, sendo 29,4% as cardiovasculares e 15,1%, os cânceres. Em quarto lugar, está o diabetes com 4,6%
O primeiro lugar na lista é preocupante. Isso significa que o diabetes está sendo negligenciado pelos alagoanos.
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