sexta-feira, 30 de abril de 2010
É coisa de cinema
Elinaldo Barros além de publicar livros que falam sobre cinema, ainda arruma tempo para passar os ensinamentos para os alunos
Cinematógrafo, crítico de cinema, realizou trabalhos na televisão sobre o cinema alagoano, lutador incansável pela cultura alagoana. Homem simples de voz mansa e sorriso abundante escreve sobre filmes desde a década de 60. Este é Elinaldo Barros, que nos últimos anos têm dedicado a maior parte do tempo ensinando cinema e divulgando as produções de artistas locais.
No seu currículo já se somam três livros sobre cinema, são eles: Panorama de cinema alagoano, Cine Lux- recordações de um cinema de bairro e Rogato- A aventura do sonho das imagens em Alagoas. Ainda há pretensão de escrever sobre a fase Super-8 em Alagoas. Ele analisa o papel do cine Lux na vida da região e as expectativas do público em relação às sessões e os filmes. Apesar do grande portfólio, Elinaldo gosta de viver nos bastidores culturais.
Nos últimos 15 anos o seu xodó foi comandar a Sessões de Arte do Cine Iguatemi. Ele sempre fez questão de cumprimentar os expectadores após as exibições. Tal qual os super-heróis das telas, recebeu em novembro de 2008 do governador de Alagoas, Teotônio Vilela, a Comenda Ordem do Mérito dos Palmares pelas longas décadas dedicadas ao cinema alagoano; e por manter vivo as produções culturais no Estado.
Através do tema “cinema” desde a década de 70 ele passa para os seus alunos e para a sociedade em geral, como a sétima arte pode ser um forte elemento de cidadania. Ele construiu e mantém vivo durante esses anos um verdadeiro quilombo cultural, onde estão resguardadas as memórias, sempre atualizadas com as produções contemporâneas, do fazer cinema em Alagoas.
Elinaldo lamenta que as locadoras estejam fechando as portas, devido a pirataria, no entanto, não resiste quando passa em uma banca e descobre um filme que ainda não assistiu. “Não importa se é pirata ou não, o negócio é assistir, não há nada mais mágico que um bom filme”, finaliza Elinaldo.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Nordeste: em busca do lixo atômico
Alagoas é um forte candidato para receber o investimento da usina nuclear
A disputa está acirrada, Alagoas é um dos estados mais cotados do Nordeste para receber uma das quatro usinas nucleares, passando por cima de vários estados mais desenvolvidos. As discussões acerca da instalação da usina divide opiniões de ambientalistas e políticos. A “menina dos olhos de ouro” vem provocando abalos na política, afinal, estamos falando de um valor estimado em quatro bilhões de dólares cada.
Angra I é a primeira usina nuclear do Brasil, que começou a ser construída em 1972, mas seu funcionamento só foi liberado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), doze anos mais tarde. A segunda usina, Angra II entrou em operação em 2000. Ainda em Angra dos Reis, estão construindo Angra III, previsto para funcionar em 2015. O Programa Nuclear Brasileiro (PNB) projeta a construção de mais quatro usinas nucleares no país, duas delas serão instaladas no Nordeste.
Diante do contexto político do Brasil, a divulgação da localização das usinas do Nordeste só será anunciada em março deste ano. O interesse cresceu, em cima da instalação das fontes atômicas, devido ao investimento bilionário, mas deverá ser levada em consideração a disponibilidade de água e critérios como: estrutura geológica estável e baixa concentração populacional.
De acordo com o governador Teotônio Vilela Filho, em entrevista concedida para o site Cada Minuto, em novembro do ano passado com a instalação da usina nuclear em Alagoas, haverá um crescimento acentuado na economia do Estado, com a geração de cerca de 4 mil empregos de início, mais renda, mais impostos e royalties . Embora não exista oferta de formação qualificada para a área de energia nuclear em Alagoas.
Para o engenheiro ambiental e superintendente do Instituto de Meio Ambiente (IMA), Adriano Gustavo, a decisão de instalar uma usina nuclear no Nordeste, é pelo fato de que o Rio São Francisco não suporta mais a construção de barragens. Há planos para se investir no município de Coruripe, a pretensão é ampliar o estaleiro e a construção de um porto, que será utilizado para o transporte de urânio.
Divergência de opiniões
A Lei Estadual 5.017/88 proíbe a instalação de usina nuclear, derivados e similares, e a guarda de lixo radioativo e de química letal no Estado. Os outros estados que estão na disputa também possuem restrições constitucionais para a instalação de usina nuclear em seu território.
O Greenpeace, órgão de defesa do meio ambiente, tem se mostrado contrário à essa fonte de energia, devido aos habitantes de áreas próximas das usinas apresentarem um índice maior de problemas de saúde, que são agravados pelos resíduos lançados nos lençóis freáticos e para a Terra. Sem falar nos resíduos atômicos que até hoje os estudiosos não sabem o que fazer com ele.
Ao contrário do Japão, que tem 90% da sua energia produzida por usinas nucleares, o Brasil é o maior país do mundo no uso de fontes de energias renováveis. Quase metade da energia consumida na nação é proveniente de fontes alternativa. Elas são obtidas de fontes naturais, como sol, vento, sendo encontradas facilmente em países tropicais como o nosso.
Onde poderia ser instalada a usina
A exigência para a instalação da usina nuclear é que ela seja instalada próxima à às margens de rios ou mares, fator primordial para seu funcionamento. Há ainda uma preocupação em relação às comunidades próximas, assim é primordial a instalação em áreas com baixa ocupação populacional.
A princípio, o melhor local seria entre as usinas de Paulo Afonso e Xingó, mas segundo o engenheiro sanitarista ambiental, Frederico Passos, o lugar mais apropriado para a instalação da usina em Alagoas seria o município de Coruripe. “Pelas condições econômicas e por já ter um estaleiro, o melhor lugar para instalação seria Coruripe, até porque há um projeto de construção de um porto para que a usina seja abastecida, principalmente com o urânio, matéria prima para o funcionamento da energia”, complementou Passos.
Fontes alternativas
As tecnologias de aproveitamento solar e eólico já estão em fase de maturidade suficiente para permitir sua aplicação comercial, estudos feitos pelo Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) comprova que essas fontes serão bem sucedidas, principalmente em nível internacional. O aumento da eficiência e a redução de custos destas tecnologias apontam para uma tendência de aumento de sua inserção na matriz energética.
O Brasil é campeão mundial na utilização de fontes renováveis. Cerca de 46% da energia consumida é proveniente das fontes alternativas. Mas esse resultado só foi possível graças à produção de energia elétrica por hidroelétricas, que corresponde a 15% do total de energia renovável. Um dado importante é que o Brasil está investindo na biomassa, ou seja, está deixando de lado o gás natural e apostando na energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar.
Para o especialista em fontes alternativas, Wenner Gláucio, a energia elétrica gerada a partir dos ventos é uma saída que o país, e principalmente Alagoas, terá de adotar urgentemente. “O Brasil possui fontes alternativas e ecologicamente corretas. Comparando com a energia hidráulica que é finita, a eólica é infinita e se renova a cada dia”, completa Wenner Gláucio.
“A única fonte de energia inesgotável e externa ao nosso planeta é o sol. Para se ter uma idéia deste enorme potencial, basta dizer que a quantidade de sol que incide na terra durante dez dias é equivalente a todas as reservas de combustíveis fósseis existentes. No Nordeste já existe placas que captam o sol e transformam em energia”, afirma o especialista.
Tecnologia nuclear
Estudos mostram que optar pela fonte nuclear produz uma energia ambientalmente limpa, não contribui com o efeito estufa e não sofre efeitos nas variações climáticas. A energia nuclear faz uso de um combustível nacional, o Urânio. O Brasil é dono da sexta maior reserva de urânio do mundo, matéria prima indispensável para o funcionamento.
Uma usina nuclear abastece apenas uma região com 50 mil habitantes, um espaço equivalente a dois estádios Rei Pelé. Para abastecer o Estado de Alagoas, seriam necessárias 40 usinas nucleares, um investimento aproximadamente de 160 bilhões de dólares. O problema do efeito estufa estaria resolvido, se houvesse lugar apropriado para colocar os resíduos atômicos, e não oferecesse riscos à saúde da população.
Há também uma preocupação para os compradores de energia, ou seja, é preciso saber se haverá público para consumir tal energia. Quando falamos em vender energia é preciso entender que: toda energia produzia é vendida, na verdade ela é leiloada, quem oferecer um valor maior, obtém a fonte. Segundos dados da Companhia Energética de Alagoas (Ceal) a energia produzida em Alagoas é vendida à empresa por 27 dólares
Em março do ano passado, ocorreu um vazamento de material radiativo na usina nuclear Angra II, contaminando quatro dos seis funcionários que estavam no local. A empresa informou em nota que foi uma falha de um dos operadores que esqueceu uma das portas abertas, permitindo a circulação do material radioativo. Ainda foi liberado para o meio ambiente cerca de 0,2% dos limites estabelecidos pela Comissão Nacional de energia Nuclear. Embora os danos sejam poucos, a falha aconteceu e pessoas poderiam ficar gravemente feridas.
Caminho oposto
Depois do acidente ocorrido em 1986, em Chernobyl, cujos efeitos atingem até hoje a população, a Alemanha se mostrou preocupada com os riscos que as usinas nucleares oferecem. Os ambientalistas abriram os olhos da sociedade alemã para os altos riscos de acidentes e ainda, que o destino nuclear dos resíduos é um problema de resolução ainda pendente.
O governo e os empresários decidiram investir mais nas fontes renováveis e sustentáveis e a aumentar a eficiência energética, dando destaque para as energias solar e eólica. Eles ainda apostaram nas pesquisas de desenvolvimento do hidrogênio como opção energética. Assim, a Alemanha pretende ser líder mundial em termos de sustentabilidade ambiental.
A opinião pública alemã foi consultada e entendeu que investir em usina nuclear não vale à pena, principalmente pelo custo bilionário. O Brasil, diferentemente, não solicitou a opinião da população e tem investido fortemente na tecnologia. O Ministro Lobão declarou em 2008 que, até 2058 o Brasil instalaria uma usina nuclear por ano. Um salto bem maior que os declarados “50 anos em 5”, pelo então presidente Juscelino Kubitschek em 1956. Mas percebendo o erro, voltou atrás nas declarações.
A Alemanha prometeu que até 2021 desligaria sua última fonte de energia nuclear. Não será fácil cumprir o acordo, afinal o país ocupa a quinta colocação em consumo de energia. Mas no ano passado as discussões acerca da não desativação voltaram à tona, assim as “usinas seguras” correm o risco de continuar funcionando.
A disputa está acirrada, Alagoas é um dos estados mais cotados do Nordeste para receber uma das quatro usinas nucleares, passando por cima de vários estados mais desenvolvidos. As discussões acerca da instalação da usina divide opiniões de ambientalistas e políticos. A “menina dos olhos de ouro” vem provocando abalos na política, afinal, estamos falando de um valor estimado em quatro bilhões de dólares cada.
Angra I é a primeira usina nuclear do Brasil, que começou a ser construída em 1972, mas seu funcionamento só foi liberado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), doze anos mais tarde. A segunda usina, Angra II entrou em operação em 2000. Ainda em Angra dos Reis, estão construindo Angra III, previsto para funcionar em 2015. O Programa Nuclear Brasileiro (PNB) projeta a construção de mais quatro usinas nucleares no país, duas delas serão instaladas no Nordeste.
Diante do contexto político do Brasil, a divulgação da localização das usinas do Nordeste só será anunciada em março deste ano. O interesse cresceu, em cima da instalação das fontes atômicas, devido ao investimento bilionário, mas deverá ser levada em consideração a disponibilidade de água e critérios como: estrutura geológica estável e baixa concentração populacional.
De acordo com o governador Teotônio Vilela Filho, em entrevista concedida para o site Cada Minuto, em novembro do ano passado com a instalação da usina nuclear em Alagoas, haverá um crescimento acentuado na economia do Estado, com a geração de cerca de 4 mil empregos de início, mais renda, mais impostos e royalties . Embora não exista oferta de formação qualificada para a área de energia nuclear em Alagoas.
Para o engenheiro ambiental e superintendente do Instituto de Meio Ambiente (IMA), Adriano Gustavo, a decisão de instalar uma usina nuclear no Nordeste, é pelo fato de que o Rio São Francisco não suporta mais a construção de barragens. Há planos para se investir no município de Coruripe, a pretensão é ampliar o estaleiro e a construção de um porto, que será utilizado para o transporte de urânio.
Divergência de opiniões
A Lei Estadual 5.017/88 proíbe a instalação de usina nuclear, derivados e similares, e a guarda de lixo radioativo e de química letal no Estado. Os outros estados que estão na disputa também possuem restrições constitucionais para a instalação de usina nuclear em seu território.
O Greenpeace, órgão de defesa do meio ambiente, tem se mostrado contrário à essa fonte de energia, devido aos habitantes de áreas próximas das usinas apresentarem um índice maior de problemas de saúde, que são agravados pelos resíduos lançados nos lençóis freáticos e para a Terra. Sem falar nos resíduos atômicos que até hoje os estudiosos não sabem o que fazer com ele.
Ao contrário do Japão, que tem 90% da sua energia produzida por usinas nucleares, o Brasil é o maior país do mundo no uso de fontes de energias renováveis. Quase metade da energia consumida na nação é proveniente de fontes alternativa. Elas são obtidas de fontes naturais, como sol, vento, sendo encontradas facilmente em países tropicais como o nosso.
Onde poderia ser instalada a usina
A exigência para a instalação da usina nuclear é que ela seja instalada próxima à às margens de rios ou mares, fator primordial para seu funcionamento. Há ainda uma preocupação em relação às comunidades próximas, assim é primordial a instalação em áreas com baixa ocupação populacional.
A princípio, o melhor local seria entre as usinas de Paulo Afonso e Xingó, mas segundo o engenheiro sanitarista ambiental, Frederico Passos, o lugar mais apropriado para a instalação da usina em Alagoas seria o município de Coruripe. “Pelas condições econômicas e por já ter um estaleiro, o melhor lugar para instalação seria Coruripe, até porque há um projeto de construção de um porto para que a usina seja abastecida, principalmente com o urânio, matéria prima para o funcionamento da energia”, complementou Passos.
Fontes alternativas
As tecnologias de aproveitamento solar e eólico já estão em fase de maturidade suficiente para permitir sua aplicação comercial, estudos feitos pelo Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) comprova que essas fontes serão bem sucedidas, principalmente em nível internacional. O aumento da eficiência e a redução de custos destas tecnologias apontam para uma tendência de aumento de sua inserção na matriz energética.
O Brasil é campeão mundial na utilização de fontes renováveis. Cerca de 46% da energia consumida é proveniente das fontes alternativas. Mas esse resultado só foi possível graças à produção de energia elétrica por hidroelétricas, que corresponde a 15% do total de energia renovável. Um dado importante é que o Brasil está investindo na biomassa, ou seja, está deixando de lado o gás natural e apostando na energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar.
Para o especialista em fontes alternativas, Wenner Gláucio, a energia elétrica gerada a partir dos ventos é uma saída que o país, e principalmente Alagoas, terá de adotar urgentemente. “O Brasil possui fontes alternativas e ecologicamente corretas. Comparando com a energia hidráulica que é finita, a eólica é infinita e se renova a cada dia”, completa Wenner Gláucio.
“A única fonte de energia inesgotável e externa ao nosso planeta é o sol. Para se ter uma idéia deste enorme potencial, basta dizer que a quantidade de sol que incide na terra durante dez dias é equivalente a todas as reservas de combustíveis fósseis existentes. No Nordeste já existe placas que captam o sol e transformam em energia”, afirma o especialista.
Tecnologia nuclear
Estudos mostram que optar pela fonte nuclear produz uma energia ambientalmente limpa, não contribui com o efeito estufa e não sofre efeitos nas variações climáticas. A energia nuclear faz uso de um combustível nacional, o Urânio. O Brasil é dono da sexta maior reserva de urânio do mundo, matéria prima indispensável para o funcionamento.
Uma usina nuclear abastece apenas uma região com 50 mil habitantes, um espaço equivalente a dois estádios Rei Pelé. Para abastecer o Estado de Alagoas, seriam necessárias 40 usinas nucleares, um investimento aproximadamente de 160 bilhões de dólares. O problema do efeito estufa estaria resolvido, se houvesse lugar apropriado para colocar os resíduos atômicos, e não oferecesse riscos à saúde da população.
Há também uma preocupação para os compradores de energia, ou seja, é preciso saber se haverá público para consumir tal energia. Quando falamos em vender energia é preciso entender que: toda energia produzia é vendida, na verdade ela é leiloada, quem oferecer um valor maior, obtém a fonte. Segundos dados da Companhia Energética de Alagoas (Ceal) a energia produzida em Alagoas é vendida à empresa por 27 dólares
Em março do ano passado, ocorreu um vazamento de material radiativo na usina nuclear Angra II, contaminando quatro dos seis funcionários que estavam no local. A empresa informou em nota que foi uma falha de um dos operadores que esqueceu uma das portas abertas, permitindo a circulação do material radioativo. Ainda foi liberado para o meio ambiente cerca de 0,2% dos limites estabelecidos pela Comissão Nacional de energia Nuclear. Embora os danos sejam poucos, a falha aconteceu e pessoas poderiam ficar gravemente feridas.
Caminho oposto
Depois do acidente ocorrido em 1986, em Chernobyl, cujos efeitos atingem até hoje a população, a Alemanha se mostrou preocupada com os riscos que as usinas nucleares oferecem. Os ambientalistas abriram os olhos da sociedade alemã para os altos riscos de acidentes e ainda, que o destino nuclear dos resíduos é um problema de resolução ainda pendente.
O governo e os empresários decidiram investir mais nas fontes renováveis e sustentáveis e a aumentar a eficiência energética, dando destaque para as energias solar e eólica. Eles ainda apostaram nas pesquisas de desenvolvimento do hidrogênio como opção energética. Assim, a Alemanha pretende ser líder mundial em termos de sustentabilidade ambiental.
A opinião pública alemã foi consultada e entendeu que investir em usina nuclear não vale à pena, principalmente pelo custo bilionário. O Brasil, diferentemente, não solicitou a opinião da população e tem investido fortemente na tecnologia. O Ministro Lobão declarou em 2008 que, até 2058 o Brasil instalaria uma usina nuclear por ano. Um salto bem maior que os declarados “50 anos em 5”, pelo então presidente Juscelino Kubitschek em 1956. Mas percebendo o erro, voltou atrás nas declarações.
A Alemanha prometeu que até 2021 desligaria sua última fonte de energia nuclear. Não será fácil cumprir o acordo, afinal o país ocupa a quinta colocação em consumo de energia. Mas no ano passado as discussões acerca da não desativação voltaram à tona, assim as “usinas seguras” correm o risco de continuar funcionando.
Praças: um espaço abandonado
A violência que toma conta de Maceió afasta cada vez mais a população dos logradouros públicos
Quem já não ouviu falar do carnaval na Praça Moleque Namorador? Dos parques de diversão na Praça da Faculdade? Ou até mesmo das grandes festas na Praça Lucena Maranhão e na Praça dos Martírios? Fim de tarde, crianças brincavam no parquinho, adultos conversavam, jogo de baralho entre amigos, assim era o dia-a-dia das pessoas que frequentavam as praças de Maceió entre as décadas de 1950 e 1970. Nesse período as praças eram sinônimos de lazer e interatividade entre os moradores da comunidade, hoje são sinônimos de abandono e violência.
As pessoas que viveram naquela época lembram que as praças eram local de encontros, onde muitos casamentos tiveram início a partir das paqueras nos bancos das mesmas. “Conheci meu marido quando tinha 15 anos no Carnaval da Praça Moleque Namorador, foi lá que começamos a namorar. A partir daí nossos encontros eram sempre na pracinha”, relembrou dona Maria das Neves de 75 anos, que comemora este ano seus 60 anos de casamento.
Já o funcionário público federal, Jalmo Lima, 50, lembra com certo saudosismo os tempos que podia frequentar as praças de Maceió sem se preocupar com a violência. Na época era comum encontrar festas, parque de diversão, apresentação de pastoril e carro de algodão doce. Após a missa as famílias conversavam na praça até 1h da manhã sem presenciar qualquer ato de violência. “Hoje fico triste quando passo e vejo como tudo está diferente. Até a estátua de um menino abrindo a boca do jacaré foi depredada pelos vândalos”, ressalta com tristeza o servidor público.
As praças que ficam no centro da cidade são as mais afetadas pela violência. A dos Martírios foi invadida por moradores de rua. São famílias que fazem do espaço moradia: “lavam” roupas no chafariz, dormem e se alimentam dos restos que pegam no lixo ou esmolas que recebem de populares, além de realizarem suas necessidades fisiológicas no próprio espaço. Porém o mais agravante é o consumo e tráfico de cola e crack no local. “A fiscalização não consegue atuar nas Praças porque são cheias de ambulantes e moradores de rua. Infelizmente são problemas que não são resolvidos do dia pra noite”, frisa o diretor de Parques e Jardins da Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente, José Rubens.
A Praça Deodoro já foi um dos mais belos cartões-postais do Centro de Maceió, de acordo com registros fotográficos que datam de cerca de meio século passado. Entretanto, hoje o local passa por uma situação de caos: moradores de rua, vendedores ambulantes, sujeira, mau-cheiro decorrente dos dejetos lançados pelos habitantes da praça; uma verdadeira desordem. Segundo o desembargador do Tribunal de Justiça Alcides Gusmão da Silva, após visitar a praça no dia 16 de abril deste ano, disse que iria tomar uma atitude para solucionar a situação “Temos de estudar uma forma eficaz para solucionar definitivamente essa situação da Praça Deodoro, de maneira a assistir esses moradores de rua com os direitos básicos de cidadania", frisou.
De acordo com o levantamento feito pela Secretaria Municipal de Assistência Social, através do Projeto Guardião, 30 pessoas “moram” na Praça Deodoro em situação de risco. 90% desse grupo são usuários de drogas, fator determinante para que permaneçam nas ruas. Uma equipe da Prefeitura Municipal de Maceió já esteve no local para encaminhar essas pessoas para abrigos e Centro de Referência e Assistência Social (CRAS). Entretanto, o coordenador do projeto Arnaldo Capela, ressalta que é necessário ter cautela na abordagem, uma vez que elas não podem ser retiradas a força.
A Praça Sinimbu há muito tempo deixou de ser um espaço de lazer para ser um acampamento dos movimentos sociais de luta pela reforma agrária. É um lugar para protestos que muitas vezes é depredado por aqueles que o ocupam. Segundo o diretor de Parques e Jardins da Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente, José Rubens, fica difícil impedir o acesso de manifestantes, pois os prédios do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) ficam próximos a Praça. Mesmo assim, existe um projeto para reforma da Sinimbu na Secretaria Municipal de Planejamento.
Revitalização das Praças
Em 2007, foi criado um projeto de infra-estrutura que visa recuperar as praças públicas de Maceió, das 154 existentes na capital alagoana, 62 foram completamente recuperadas; elas receberam tratamento de restauração de passeio, pintura, canteiro, iluminação, manutenção das árvores, grama em placas e bancos. Além da recuperação das praças a Prefeitura de Maceió recuperou ainda doze mirantes, as obras garantem um melhor visual dos espaços, devolvendo os pontos turísticos da capital.
A Praça Centenário foi uma das contempladas com processo revitalização. Hoje ela está iluminada, com jardins bem cuidados, calçamento, brinquedos e bancos pintados. Ela que era esquecida e sem brilho, com os investimentos do poder público foi possível resgatar a magia das Praças de antigamente. Entretanto, o medo da violência faz com que, cada vez mais, as famílias fiquem presas nas suas casas e o que poderia ser um ponto de encontro termina sendo um lugar abandonado pela falta de segurança. O símbolo que uniu várias gerações, hoje é temido pela sociedade.
Crédito: Michelle Farias
Quem já não ouviu falar do carnaval na Praça Moleque Namorador? Dos parques de diversão na Praça da Faculdade? Ou até mesmo das grandes festas na Praça Lucena Maranhão e na Praça dos Martírios? Fim de tarde, crianças brincavam no parquinho, adultos conversavam, jogo de baralho entre amigos, assim era o dia-a-dia das pessoas que frequentavam as praças de Maceió entre as décadas de 1950 e 1970. Nesse período as praças eram sinônimos de lazer e interatividade entre os moradores da comunidade, hoje são sinônimos de abandono e violência.
As pessoas que viveram naquela época lembram que as praças eram local de encontros, onde muitos casamentos tiveram início a partir das paqueras nos bancos das mesmas. “Conheci meu marido quando tinha 15 anos no Carnaval da Praça Moleque Namorador, foi lá que começamos a namorar. A partir daí nossos encontros eram sempre na pracinha”, relembrou dona Maria das Neves de 75 anos, que comemora este ano seus 60 anos de casamento.
Já o funcionário público federal, Jalmo Lima, 50, lembra com certo saudosismo os tempos que podia frequentar as praças de Maceió sem se preocupar com a violência. Na época era comum encontrar festas, parque de diversão, apresentação de pastoril e carro de algodão doce. Após a missa as famílias conversavam na praça até 1h da manhã sem presenciar qualquer ato de violência. “Hoje fico triste quando passo e vejo como tudo está diferente. Até a estátua de um menino abrindo a boca do jacaré foi depredada pelos vândalos”, ressalta com tristeza o servidor público.
As praças que ficam no centro da cidade são as mais afetadas pela violência. A dos Martírios foi invadida por moradores de rua. São famílias que fazem do espaço moradia: “lavam” roupas no chafariz, dormem e se alimentam dos restos que pegam no lixo ou esmolas que recebem de populares, além de realizarem suas necessidades fisiológicas no próprio espaço. Porém o mais agravante é o consumo e tráfico de cola e crack no local. “A fiscalização não consegue atuar nas Praças porque são cheias de ambulantes e moradores de rua. Infelizmente são problemas que não são resolvidos do dia pra noite”, frisa o diretor de Parques e Jardins da Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente, José Rubens.
A Praça Deodoro já foi um dos mais belos cartões-postais do Centro de Maceió, de acordo com registros fotográficos que datam de cerca de meio século passado. Entretanto, hoje o local passa por uma situação de caos: moradores de rua, vendedores ambulantes, sujeira, mau-cheiro decorrente dos dejetos lançados pelos habitantes da praça; uma verdadeira desordem. Segundo o desembargador do Tribunal de Justiça Alcides Gusmão da Silva, após visitar a praça no dia 16 de abril deste ano, disse que iria tomar uma atitude para solucionar a situação “Temos de estudar uma forma eficaz para solucionar definitivamente essa situação da Praça Deodoro, de maneira a assistir esses moradores de rua com os direitos básicos de cidadania", frisou.
De acordo com o levantamento feito pela Secretaria Municipal de Assistência Social, através do Projeto Guardião, 30 pessoas “moram” na Praça Deodoro em situação de risco. 90% desse grupo são usuários de drogas, fator determinante para que permaneçam nas ruas. Uma equipe da Prefeitura Municipal de Maceió já esteve no local para encaminhar essas pessoas para abrigos e Centro de Referência e Assistência Social (CRAS). Entretanto, o coordenador do projeto Arnaldo Capela, ressalta que é necessário ter cautela na abordagem, uma vez que elas não podem ser retiradas a força.
A Praça Sinimbu há muito tempo deixou de ser um espaço de lazer para ser um acampamento dos movimentos sociais de luta pela reforma agrária. É um lugar para protestos que muitas vezes é depredado por aqueles que o ocupam. Segundo o diretor de Parques e Jardins da Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente, José Rubens, fica difícil impedir o acesso de manifestantes, pois os prédios do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) ficam próximos a Praça. Mesmo assim, existe um projeto para reforma da Sinimbu na Secretaria Municipal de Planejamento.
Revitalização das Praças
Em 2007, foi criado um projeto de infra-estrutura que visa recuperar as praças públicas de Maceió, das 154 existentes na capital alagoana, 62 foram completamente recuperadas; elas receberam tratamento de restauração de passeio, pintura, canteiro, iluminação, manutenção das árvores, grama em placas e bancos. Além da recuperação das praças a Prefeitura de Maceió recuperou ainda doze mirantes, as obras garantem um melhor visual dos espaços, devolvendo os pontos turísticos da capital.
A Praça Centenário foi uma das contempladas com processo revitalização. Hoje ela está iluminada, com jardins bem cuidados, calçamento, brinquedos e bancos pintados. Ela que era esquecida e sem brilho, com os investimentos do poder público foi possível resgatar a magia das Praças de antigamente. Entretanto, o medo da violência faz com que, cada vez mais, as famílias fiquem presas nas suas casas e o que poderia ser um ponto de encontro termina sendo um lugar abandonado pela falta de segurança. O símbolo que uniu várias gerações, hoje é temido pela sociedade.
Crédito: Michelle Farias
meninos de rua cheiram cola em plena luz do dia
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Delícias que provocam “suspiros”
Em 1994, o alagoano Luiz Eudes Floripes da Silva, que já foi professor, que já foi corretor e que já foi vendedor de seguros, acompanhou sua esposa em uma entrega numa lanchonete no bairro da Pajuçara, localizada em Maceió, capital de Alagoas. Sua mulher, Marlene Calixto dos Santos, auxiliava nas contas de casa com um negócio próprio: a produção e venda de suspiros. Renda extra que passava despercebida por Luiz, que não colocava fé nas vendas da mulher, até o dia em que, pela primeira vez, foi realizar uma entrega do produto.
O que mudou a visão de Luiz Eudes foi um único garoto, que correndo se aproximou dele e comprou um pacote de suspiro. Prontamente, logo em seguida, a mesma criança voltou com o mesmo ímpeto e fez a compra de outros dois pacotes. Foi então que esse único garoto, na até então, única vez que Luiz acompanhou a esposa numa venda, provocou nele um insight empreendedor: “isso pode dar um bom negócio”, pensou o alagoano em 1994.
Com o preço mínimo do saco de suspiro tabelado em R$ 5, o feeling empresarial de Luiz Eudes o fez apostar nessa nova empreitada, abandonar seu atual trabalho – vendedor de seguros – e montar um negócio com a esposa, focando-se apenas na venda de suspiros. Sendo assim, Marlene, que antes fazia e vendia o produto, ficaria incumbida apenas na produção, enquanto que seu marido assumiria os postos de venda. Entretanto, a realidade inicial desse projeto do casal não se mostrou tão fácil: os clientes não eram como aquele garoto que correu atrás do suspiro.
A princípio, Luiz Eudes confiou apenas no produto de sua esposa e no caso excepcional de sua primeira venda. Com o passar do tempo, a visão do vendedor de suspiro o levou à não confiar apenas no produto, mas também em sua imagem e na maneira como trata a clientela.
Luiz Eudes passou então a se adequar ao mercado e aplicou a estratégia da simpática, da boa conversa e do contato humano com os clientes. Seu primeiro toque empreendedor foi usar a estratégia do “só pague se gostar”. Ou seja, ele permitia que o provável comprador provasse o produto e esperava o aval pela qualidade, com a promessa de que só iria receber pelo suspiro se seu produto valesse a pena. Muitos gostavam e acabavam comprando. Nascia então seu primeiro diferencial: o vendedor boa praça e simpático, que ganha a confiança e amizade do consumidor antes da compra do produto.
Seu outro toque de mestre surgiu quando encontrou a solução para parar de ser barrado. Nas primeiras vendas, Luiz Eudes andava pela cidade de bar em bar usando bermuda e chinelão, munido de suas broas e suspiros, e invariavelmente algumas pessoas se afastavam dele e sua entrada não era permitida em alguns estabelecimentos. Insatisfeito com isso, Luiz Eudes adotou uma estratégia de seus antigos empregos e mudou sua imagem. Ele já usava terno e gravata quando trabalhou em escolas e seguradores e passou a fazer isso em sua nova atividade. E com um par de calças descente, terno, camisa branca e uma gravata, passou a ser tratado diferentemente, foi mais aceito por pessoas e estabelecimento, consequentemente, as vendas começaram a aumentar. Coisas que compensaram pelo calor provocado por se usar terno e gravata nas praias de Maceió: ele diz que o segredo é não se “aperrear”, ser calmo e trabalhar o emocional.
Luiz Eudes passou a ser conhecido na capital alagoana: ele era o boa-praça que vendia suspiros usando terno e gravata. Depois de bares, restaurantes, orla de Maceió e diversas outras praias do Estado de Alagoas, os suspiros chegaram ao elitizado condomínio Aldebaram, no supermercado Palato e até mesmo no Bom Preço da capital. E a fama de Luiz Eudes cresceu: o alagoano se tornou uma figura folclórica, que cedeu entrevistas divulgadas nacionalmente e adquiriu o merecido título de Rei do Suspiro.
Com o passar do tempo, a receita de sua esposa foi se aprimorando. Além do tradicional limão, açúcar e clara de ovo, Luiz Eudes diz que existem oito segredos que fazem o diferencial do produto, mas foi sua abordagem diferente, de maneira simpática e vestido socialmente, que fez o negócio decolar. Na verdade, há um conjunto de fatores: além de ele ser uma figura inesquecível, os turistas que compram o produto vão embora sem se esquecer do sabor alagoano, porque ele é verdadeiramente delicioso.
Assim, crescimento do negócio e da fama do Rei do Suspiro atravessou as fronteiras de Alagoas e vários são os pedidos encaminhados via sedex para estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Sergipe e Minas Gerais. O sucesso é tamanho que a demanda superou seu poder de produção e ele e a esposa foram levados a desistir de continuar com entregas nos supermercados Bom Preço. O Rei já recebeu até convites para morar em São Paulo e lá montar um negócio, mas segue em sua cidade natal, onde é conhecido e onde faz sucesso.
E apesar declaradamente não superar sua demanda, apesar de já ter passado de um negócio com um forno caseiro e uma batedeira comum para dois fornos industriais e duas batedeiras industriais, a estrutura empregatícia de sua empresa não muda desde então. Sua mulher, de 43 anos, segue preparando os alimentos e é auxiliada pelos quatro filhos (Beatriz Calixto Floripes da Silva, 15 anos, Luiz Eudes da Silva Júnior, 14 anos; Isaias Lemos dos Santos, 13 anos e Amara Calixto Floripes da Silva, 10 anos) e o único vendedor é o Rei, a figura folclórica que acredita muito no potencial de sua imagem.
Um dia, Luiz Eudes pretende abrir uma Casa do Suspiro, projeto que encontrasse idealizado apenas em sua cabeça, mas que depende de um galpão que ele espera ser cedido por alguém. Entretanto, mesmo que isso ocorra, O Rei do Suspiro garante que nunca deixará de fazer as vendas nas ruas, o principal motivo do negócio dar certo hoje.
Como corretor, Luiz Eudes vivia de suas comissões que tinha datas incertas e poderiam demorar três meses para chegar. Como Rei do Suspiro, Luiz Eudes diz ganhar pouco por dia, mas ganha todos os dias da semana. Dependendo da temporada, as vendas dos suspiros variam entre 100 e 200 por dia. Ao preço das unidades ficando entre R$ 5 e R$ 10, observasse que o valor diário ganho por sua família é consideravelmente alto, mas Luiz Eudes se mantém simples, trabalhando diariamente em suas vendas itinerantes e com sua casa simples no Jacintinho.
O maior investimento futuro que ele quer fazer, por exemplo, é a compra de um carro para facilitar a venda perambulante.
O homem que tem como lema “o covarde nunca começa, o perdedor nunca tenta, o vencedor nunca desiste”, seguirá com suas vendas diárias e com essa extrema simplicidade de caráter. O alagoano Luiz Eudes Floripes da Silva, que já foi professor, que já foi corretor e que já foi vendedor de seguros, agora é Rei. O Rei do Suspiro.
Case de marketing sobre o Rei do Suspiro alagoano, feito por Ana Paula, Michelle Farias e Thiago Sampaio.
O que mudou a visão de Luiz Eudes foi um único garoto, que correndo se aproximou dele e comprou um pacote de suspiro. Prontamente, logo em seguida, a mesma criança voltou com o mesmo ímpeto e fez a compra de outros dois pacotes. Foi então que esse único garoto, na até então, única vez que Luiz acompanhou a esposa numa venda, provocou nele um insight empreendedor: “isso pode dar um bom negócio”, pensou o alagoano em 1994.
Com o preço mínimo do saco de suspiro tabelado em R$ 5, o feeling empresarial de Luiz Eudes o fez apostar nessa nova empreitada, abandonar seu atual trabalho – vendedor de seguros – e montar um negócio com a esposa, focando-se apenas na venda de suspiros. Sendo assim, Marlene, que antes fazia e vendia o produto, ficaria incumbida apenas na produção, enquanto que seu marido assumiria os postos de venda. Entretanto, a realidade inicial desse projeto do casal não se mostrou tão fácil: os clientes não eram como aquele garoto que correu atrás do suspiro.
A princípio, Luiz Eudes confiou apenas no produto de sua esposa e no caso excepcional de sua primeira venda. Com o passar do tempo, a visão do vendedor de suspiro o levou à não confiar apenas no produto, mas também em sua imagem e na maneira como trata a clientela.
Luiz Eudes passou então a se adequar ao mercado e aplicou a estratégia da simpática, da boa conversa e do contato humano com os clientes. Seu primeiro toque empreendedor foi usar a estratégia do “só pague se gostar”. Ou seja, ele permitia que o provável comprador provasse o produto e esperava o aval pela qualidade, com a promessa de que só iria receber pelo suspiro se seu produto valesse a pena. Muitos gostavam e acabavam comprando. Nascia então seu primeiro diferencial: o vendedor boa praça e simpático, que ganha a confiança e amizade do consumidor antes da compra do produto.
Seu outro toque de mestre surgiu quando encontrou a solução para parar de ser barrado. Nas primeiras vendas, Luiz Eudes andava pela cidade de bar em bar usando bermuda e chinelão, munido de suas broas e suspiros, e invariavelmente algumas pessoas se afastavam dele e sua entrada não era permitida em alguns estabelecimentos. Insatisfeito com isso, Luiz Eudes adotou uma estratégia de seus antigos empregos e mudou sua imagem. Ele já usava terno e gravata quando trabalhou em escolas e seguradores e passou a fazer isso em sua nova atividade. E com um par de calças descente, terno, camisa branca e uma gravata, passou a ser tratado diferentemente, foi mais aceito por pessoas e estabelecimento, consequentemente, as vendas começaram a aumentar. Coisas que compensaram pelo calor provocado por se usar terno e gravata nas praias de Maceió: ele diz que o segredo é não se “aperrear”, ser calmo e trabalhar o emocional.
Luiz Eudes passou a ser conhecido na capital alagoana: ele era o boa-praça que vendia suspiros usando terno e gravata. Depois de bares, restaurantes, orla de Maceió e diversas outras praias do Estado de Alagoas, os suspiros chegaram ao elitizado condomínio Aldebaram, no supermercado Palato e até mesmo no Bom Preço da capital. E a fama de Luiz Eudes cresceu: o alagoano se tornou uma figura folclórica, que cedeu entrevistas divulgadas nacionalmente e adquiriu o merecido título de Rei do Suspiro.
Com o passar do tempo, a receita de sua esposa foi se aprimorando. Além do tradicional limão, açúcar e clara de ovo, Luiz Eudes diz que existem oito segredos que fazem o diferencial do produto, mas foi sua abordagem diferente, de maneira simpática e vestido socialmente, que fez o negócio decolar. Na verdade, há um conjunto de fatores: além de ele ser uma figura inesquecível, os turistas que compram o produto vão embora sem se esquecer do sabor alagoano, porque ele é verdadeiramente delicioso.
Assim, crescimento do negócio e da fama do Rei do Suspiro atravessou as fronteiras de Alagoas e vários são os pedidos encaminhados via sedex para estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Sergipe e Minas Gerais. O sucesso é tamanho que a demanda superou seu poder de produção e ele e a esposa foram levados a desistir de continuar com entregas nos supermercados Bom Preço. O Rei já recebeu até convites para morar em São Paulo e lá montar um negócio, mas segue em sua cidade natal, onde é conhecido e onde faz sucesso.
E apesar declaradamente não superar sua demanda, apesar de já ter passado de um negócio com um forno caseiro e uma batedeira comum para dois fornos industriais e duas batedeiras industriais, a estrutura empregatícia de sua empresa não muda desde então. Sua mulher, de 43 anos, segue preparando os alimentos e é auxiliada pelos quatro filhos (Beatriz Calixto Floripes da Silva, 15 anos, Luiz Eudes da Silva Júnior, 14 anos; Isaias Lemos dos Santos, 13 anos e Amara Calixto Floripes da Silva, 10 anos) e o único vendedor é o Rei, a figura folclórica que acredita muito no potencial de sua imagem.
Um dia, Luiz Eudes pretende abrir uma Casa do Suspiro, projeto que encontrasse idealizado apenas em sua cabeça, mas que depende de um galpão que ele espera ser cedido por alguém. Entretanto, mesmo que isso ocorra, O Rei do Suspiro garante que nunca deixará de fazer as vendas nas ruas, o principal motivo do negócio dar certo hoje.
Como corretor, Luiz Eudes vivia de suas comissões que tinha datas incertas e poderiam demorar três meses para chegar. Como Rei do Suspiro, Luiz Eudes diz ganhar pouco por dia, mas ganha todos os dias da semana. Dependendo da temporada, as vendas dos suspiros variam entre 100 e 200 por dia. Ao preço das unidades ficando entre R$ 5 e R$ 10, observasse que o valor diário ganho por sua família é consideravelmente alto, mas Luiz Eudes se mantém simples, trabalhando diariamente em suas vendas itinerantes e com sua casa simples no Jacintinho.
O maior investimento futuro que ele quer fazer, por exemplo, é a compra de um carro para facilitar a venda perambulante.
O homem que tem como lema “o covarde nunca começa, o perdedor nunca tenta, o vencedor nunca desiste”, seguirá com suas vendas diárias e com essa extrema simplicidade de caráter. O alagoano Luiz Eudes Floripes da Silva, que já foi professor, que já foi corretor e que já foi vendedor de seguros, agora é Rei. O Rei do Suspiro.
Case de marketing sobre o Rei do Suspiro alagoano, feito por Ana Paula, Michelle Farias e Thiago Sampaio.
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