Em 1994, o alagoano Luiz Eudes Floripes da Silva, que já foi professor, que já foi corretor e que já foi vendedor de seguros, acompanhou sua esposa em uma entrega numa lanchonete no bairro da Pajuçara, localizada em Maceió, capital de Alagoas. Sua mulher, Marlene Calixto dos Santos, auxiliava nas contas de casa com um negócio próprio: a produção e venda de suspiros. Renda extra que passava despercebida por Luiz, que não colocava fé nas vendas da mulher, até o dia em que, pela primeira vez, foi realizar uma entrega do produto.
O que mudou a visão de Luiz Eudes foi um único garoto, que correndo se aproximou dele e comprou um pacote de suspiro. Prontamente, logo em seguida, a mesma criança voltou com o mesmo ímpeto e fez a compra de outros dois pacotes. Foi então que esse único garoto, na até então, única vez que Luiz acompanhou a esposa numa venda, provocou nele um insight empreendedor: “isso pode dar um bom negócio”, pensou o alagoano em 1994.
Com o preço mínimo do saco de suspiro tabelado em R$ 5, o feeling empresarial de Luiz Eudes o fez apostar nessa nova empreitada, abandonar seu atual trabalho – vendedor de seguros – e montar um negócio com a esposa, focando-se apenas na venda de suspiros. Sendo assim, Marlene, que antes fazia e vendia o produto, ficaria incumbida apenas na produção, enquanto que seu marido assumiria os postos de venda. Entretanto, a realidade inicial desse projeto do casal não se mostrou tão fácil: os clientes não eram como aquele garoto que correu atrás do suspiro.
A princípio, Luiz Eudes confiou apenas no produto de sua esposa e no caso excepcional de sua primeira venda. Com o passar do tempo, a visão do vendedor de suspiro o levou à não confiar apenas no produto, mas também em sua imagem e na maneira como trata a clientela.
Luiz Eudes passou então a se adequar ao mercado e aplicou a estratégia da simpática, da boa conversa e do contato humano com os clientes. Seu primeiro toque empreendedor foi usar a estratégia do “só pague se gostar”. Ou seja, ele permitia que o provável comprador provasse o produto e esperava o aval pela qualidade, com a promessa de que só iria receber pelo suspiro se seu produto valesse a pena. Muitos gostavam e acabavam comprando. Nascia então seu primeiro diferencial: o vendedor boa praça e simpático, que ganha a confiança e amizade do consumidor antes da compra do produto.
Seu outro toque de mestre surgiu quando encontrou a solução para parar de ser barrado. Nas primeiras vendas, Luiz Eudes andava pela cidade de bar em bar usando bermuda e chinelão, munido de suas broas e suspiros, e invariavelmente algumas pessoas se afastavam dele e sua entrada não era permitida em alguns estabelecimentos. Insatisfeito com isso, Luiz Eudes adotou uma estratégia de seus antigos empregos e mudou sua imagem. Ele já usava terno e gravata quando trabalhou em escolas e seguradores e passou a fazer isso em sua nova atividade. E com um par de calças descente, terno, camisa branca e uma gravata, passou a ser tratado diferentemente, foi mais aceito por pessoas e estabelecimento, consequentemente, as vendas começaram a aumentar. Coisas que compensaram pelo calor provocado por se usar terno e gravata nas praias de Maceió: ele diz que o segredo é não se “aperrear”, ser calmo e trabalhar o emocional.
Luiz Eudes passou a ser conhecido na capital alagoana: ele era o boa-praça que vendia suspiros usando terno e gravata. Depois de bares, restaurantes, orla de Maceió e diversas outras praias do Estado de Alagoas, os suspiros chegaram ao elitizado condomínio Aldebaram, no supermercado Palato e até mesmo no Bom Preço da capital. E a fama de Luiz Eudes cresceu: o alagoano se tornou uma figura folclórica, que cedeu entrevistas divulgadas nacionalmente e adquiriu o merecido título de Rei do Suspiro.
Com o passar do tempo, a receita de sua esposa foi se aprimorando. Além do tradicional limão, açúcar e clara de ovo, Luiz Eudes diz que existem oito segredos que fazem o diferencial do produto, mas foi sua abordagem diferente, de maneira simpática e vestido socialmente, que fez o negócio decolar. Na verdade, há um conjunto de fatores: além de ele ser uma figura inesquecível, os turistas que compram o produto vão embora sem se esquecer do sabor alagoano, porque ele é verdadeiramente delicioso.
Assim, crescimento do negócio e da fama do Rei do Suspiro atravessou as fronteiras de Alagoas e vários são os pedidos encaminhados via sedex para estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Sergipe e Minas Gerais. O sucesso é tamanho que a demanda superou seu poder de produção e ele e a esposa foram levados a desistir de continuar com entregas nos supermercados Bom Preço. O Rei já recebeu até convites para morar em São Paulo e lá montar um negócio, mas segue em sua cidade natal, onde é conhecido e onde faz sucesso.
E apesar declaradamente não superar sua demanda, apesar de já ter passado de um negócio com um forno caseiro e uma batedeira comum para dois fornos industriais e duas batedeiras industriais, a estrutura empregatícia de sua empresa não muda desde então. Sua mulher, de 43 anos, segue preparando os alimentos e é auxiliada pelos quatro filhos (Beatriz Calixto Floripes da Silva, 15 anos, Luiz Eudes da Silva Júnior, 14 anos; Isaias Lemos dos Santos, 13 anos e Amara Calixto Floripes da Silva, 10 anos) e o único vendedor é o Rei, a figura folclórica que acredita muito no potencial de sua imagem.
Um dia, Luiz Eudes pretende abrir uma Casa do Suspiro, projeto que encontrasse idealizado apenas em sua cabeça, mas que depende de um galpão que ele espera ser cedido por alguém. Entretanto, mesmo que isso ocorra, O Rei do Suspiro garante que nunca deixará de fazer as vendas nas ruas, o principal motivo do negócio dar certo hoje.
Como corretor, Luiz Eudes vivia de suas comissões que tinha datas incertas e poderiam demorar três meses para chegar. Como Rei do Suspiro, Luiz Eudes diz ganhar pouco por dia, mas ganha todos os dias da semana. Dependendo da temporada, as vendas dos suspiros variam entre 100 e 200 por dia. Ao preço das unidades ficando entre R$ 5 e R$ 10, observasse que o valor diário ganho por sua família é consideravelmente alto, mas Luiz Eudes se mantém simples, trabalhando diariamente em suas vendas itinerantes e com sua casa simples no Jacintinho.
O maior investimento futuro que ele quer fazer, por exemplo, é a compra de um carro para facilitar a venda perambulante.
O homem que tem como lema “o covarde nunca começa, o perdedor nunca tenta, o vencedor nunca desiste”, seguirá com suas vendas diárias e com essa extrema simplicidade de caráter. O alagoano Luiz Eudes Floripes da Silva, que já foi professor, que já foi corretor e que já foi vendedor de seguros, agora é Rei. O Rei do Suspiro.
Case de marketing sobre o Rei do Suspiro alagoano, feito por Ana Paula, Michelle Farias e Thiago Sampaio.
Aew Michelle, como já havia te dito o case ficou ótimo!
ResponderExcluir(Alana)