domingo, 13 de junho de 2010
Futebol: Uma paixão traduzida em verde e amarelo
Às vésperas da estréia do Brasil, o espírito patriota invade população, e as cores da bandeira verde e amarelo, pintam de esperança o país a fora.
Nenhum outro esporte mobiliza tantos os brasileiros como o futebol, oficializado como paixão nacional, mas é na Copa do Mundo que essa paixão fica mais evidente nos rostos dos brasileiros. A rotina das pessoas muda de acordo com o calendário dos jogos e sendo assim os horários dos bancos, comercio, shoppings, repartições públicas mudam também. Durante um mês, de 11 de junho a 11 de julho, os olhos do mundo estarão voltados para o continente africano, mais precisamente a África do Sul. Mesmo tendo sua origem na Inglaterra, o “país do futebol” é sem dúvida o Brasil.
Nos primeiros anos do século XX, a partir de documentos policiais, foi descoberto que quem almejasse criar uma agremiação, era necessário comunicar à polícia. Dezenas de pequenos clubes foram formados, em sua maioria por trabalhadores, que estavam ausentes da história tradicional do futebol. Mas os Clubes pequenos jogavam como podiam: até com uma laranja no meio da rua e duas marcações no chão é possível jogar a famosa “pelada”. Assim a explicação para esta popularização esta na facilidade de praticar o esporte.
Estudos feitos pelo antropólogo Gilberto Freyre, apontou que o talento do brasileiro resulta da miscigenação entre negros, europeus e índios. Acredita-se que o Brasil tem ginga, futebol malandro, que valoriza o drible e que diferencia de todos os outros países. Em 1998 a Seleção Brasileira conquistou o segundo lugar na Copa do Mundo perdendo de 3 a zero para a anfitriã, França. Para qualquer outro país seria motivo de muita comemoração, mas para o país do futebol foi uma tragédia nacional.
A edição do mundial ocorreu 18 vezes, com sete países consagrados campeões mundiais. O Brasil, além de ser o único país a participar de todas as Copas é o único que possui o maior número de títulos mundiais, sendo cinco no total. Possui ainda jogadores memoráveis e inesquecíveis, como Garrincha, Tostão, Sócrates, Zico, Bebeto, Romário e o consagrado rei do futebol, o Edson Arantes do Nascimento, o famoso rei Pelé.
O comentarista esportivo alagoano Walmarir Vilela, que já esteve em quatro mundiais, relata a emoção de ver os estádio lotados “Foi uma honra poder cobrir quatro Copas do Mundo, para mim é impagável a sensação de estar nos estádios e vê a torcida cantando o hino quando o Brasil está em campo”, afirmou Walmari Vilela.
Verde e Amarelo
Ás vésperas da estréia do Brasil na Copa do Mundo, o espírito patriota invade a população, e as cores da bandeira verde e amarelo, pintam de esperança o país a fora. A Seleção Brasileira só entra em campo na próxima terça-feira, 15, mas o clima de Copa do Mundo já se instalou nos corações dos torcedores. Como é o caso de dona Marina, que há anos enfeita não apenas a sua casa, mas com a ajuda dos moradores enfeita toda a rua em que mora.
Há mais de trinta anos Dona Marina mora no bairro da Ponta da Terra, ela conta que tem uma superstição que ajuda o Brasil nos mundiais “Todas as Copas enfeito minha rua e minha casa, mas tem um acessório que não abro mão: é a bandeira do Brasil que já foi do meu pai, e que agora ficou comigo. É uma superstição de família”, relata emocionada Dona Marina.
Não são apenas os torcedores que se preparam para o mundial, bares e restaurantes, principalmente aqueles que já acompanham campeonatos de futebol, também entram no ritmo com atrativos especiais para oferecer aos clientes. Como é caso de um show bar no bairro de Mangabeiras, que além de instalar telões, irá oferecer aos clientes após os jogos, muita música e sorteio de brindes.
Mudança na rotina
Na abertura do campeonato não houve nenhuma mudança em Alagoas, com repartições públicas, comércio e bancos funcionando normalmente. Mas o Governo do Estado já anunciou que nos dias dos jogos o expediente sofrerá algumas modificações: no primeiro jogo do Brasil os órgãos estaduais incluindo a sociedades de economia mista, irão funcionar das 8h às 14h. Já na partida que encerra a primeira fase, dia 25, foi decretado ponto facultativo, apenas a abertura de serviços essenciais irão funcionar.
A dona do salão de beleza localizado na Avenida Jatiúca, na capital alagoana, Luciana Cavalcante, garante que a rotina dos funcionários irá se adequar aos jogos da Seleção Brasileira. “Apesar de não ser fã de futebol, quando chega a Copa eu fico sempre atenta. Durante os jogos, não iremos funcionar, vamos colocar uma TV nos fundos e parar todos os serviços para ver a Seleção Brasileira brilhar”, afirma Luciana.
Como em ano de Copa do Mundo a paixão pelo futebol fica ainda mais evidente, é comum encontrarmos ruas enfeitadas, carros, lojas e até repartições públicas. Esse sentimento é refletido no comércio que há cerca de dois meses antes da estréia do Brasil, já disponibilizava uma série de produtos relacionados ao tema. Esse mês de junho a perspectiva de venda, segundo Federação do Comércio, é de 10% a mais, em relação ao mesmo período do ano passado.
Curiosidades
A Copa do Mundo foi criada em 1928 pelo France Jules Rimet, após ter assumido o comando da instituição mais importante do futebol mundial: a Federation International Football Association (FIFA). A primeira edição do campeonato foi realizada dois anos após, no Uruguai, com a participação de apenas 16 seleções convidadas pela FIFA, sem disputa de eliminatórias, como acontece atualmente. Neste ano a seleção Uruguaia sagrou-se campeã e pode ficar, por quatro anos, com a taça Jules Rimet.
Nas duas edições seguintes do mundial, a Itália conquistou o título. Entretanto, entre 1942 e 1946 a competição foi suspensa em virtude da eclosão da segunda Guerra Mundial. Em 1950 o Brasil foi escolhido para sediar a Copa, o anfitrião chegou à final e disputou com o Uruguai. Mas nem mesmo o calor da torcida ajudou a Seleção Brasileira a conquistar o primeiro título em casa. O Maracanã chorou, e mais uma vez o país do futebol não passou do “quase” por 2X1 o primeiro título da história do país.
O Brasil só ergueu a taça pela primeira vez em 1958, em uma disputa emocionante contra a Suécia, conhecemos o Rei do futebol, o melhor jogador dos últimos tempos: Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Após a conquista do terceiro título, em 1970, o Brasil sentiu o gosto amargo de ficar 24 anos a espera de um título, que só voltou a acontecer em 1994 em território americano.
Este ano a Copa está acontecendo pela primeira vez na África do Sul, um país que, com tantos contrastes, antes mesmo de começar a Copa, já dá de 5 a 0 no Brasil no placar de prêmio Nobel: três da paz e dois de literatura. Com a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o Brasil consegue pela segunda vez trazer o mundial para o país do futebol, que irá acontecer em 2014.
Campeões Mundiais:
1930- Uruguai
1934- Itália
1938- Itália
1950- Uruguai
1954- Alemanha
1958- Brasil
1962- Brasil
1966- Inglaterra
1970- Brasil
1974- Alemanha
1978- Argentina
1982- Itália
1986- Argentina
1990- Alemanha
1994- Brasil
1998- França
2002- Brasil
2006- Itália
quarta-feira, 9 de junho de 2010
A quebra do tabu
O Grupo União Espírita Santa Bárbara não difunde apenas a Umbanda, há sete anos o Centro realiza trabalhos de inclusão social na comunidade
“Nessa cidade todo mundo é D'Oxum. Homem, menino, menina, mulher. Toda gente irradia magia... A força que mora n'água não faz distinção de cor...”. É com essa música, interpretada por Gal Costa e de autor desconhecido, que podemos definir a filosofia de trabalho do Grupo União Espírita Santa Bárbara (Guesb), criado pela Yalorixá Mãe Neide de Oya D’Oxum, onde dinfunde a Umbanda e ajuda na formação e inclusão de crianças e adultos do bairro do Village Campestre II.
O trabalho social realizado com moradores da comunidade é fruto dos esforços da Mãe Neide, dona do terreiro e responsável pelos cursos e oficinas culturais realizados no local. Há sete anos o Projeto Inaê, hoje “Centro de Formação e Inclusão Social”, tem a finalidade de desenvolver ações voltadas para melhoria da qualidade de vida das crianças, adolescentes e adultos do Village Campestre II. O projeto realiza atividades, como capoeira, teatro, percussão, curso de cabeleireiro, culinária, dança afro-brasileira e corte costura. O que chama a atenção é que o atendimento não é apenas para as crianças, mas também para os pais, possibilitando uma capacitação profissional e inclusão no mercado de trabalho.
O projeto, também batizado de Filhos de Zumbi, interfere e transforma a vida dos participantes, a relação com a comunidade, as oportunidades que foram criadas e que levam em consideração a afirmação, o conhecimento e a vivência da cultura afrobrasileira. São 20 instrutores e colaboradores, divididos nos três turnos, que estão envolvidos com esses cursos e oficinas. Todo conhecimento passado nas aulas tem contribuído para melhorar a autoestima, a autoafirmação da população carente da localidade.
O Guesb, além de contar com recursos próprios da venda dos produtos confeccionados nas oficinas, recebe uma verba mensal do Ministério da Cultura através da Fundação Palmares. Uma das finalidades do grupo é divulgar a cultura afrobrasileira, assim como combater o preconceito e a discriminação contra as religiões de matriz africana. Os 138 participantes, entre crianças, adolescentes e adultos, realizam atividades diariamente no Centro. Recentemente o Guesb recebeu uma doação de dez computadores, ajudando assim no aprendizado dos componentes.
Passeio turístico
O Guesb criou há quatro anos o passeio turístico com o objetivo de divulgar a cultura afro e mostrar a história dos negros no Brasil, além de expor para os visitantes a histórias dos orixás e espíritos dos antepassados. Já na gastronomia, os turistas conhecem um pouco da culinária com um belo café regional, servido na casa de farinha que tem no espaço cultural. “A tapioca e o café no bule são feitos na hora. Aqui eles têm a oportunidade de conhecer uma casa de farinha, fogo à lenha, panela de barro, elementos usados pelos negros”, conta mãe Neide.
O espaço conta ainda com uma sala de atendimento médico. Há dois anos, através de doações de colaboradores, a área da saúde foi equipada e hoje conta com um clínico geral para atender as pessoas da comunidade. Além dos remédios gratuitos que o Grupo consegue através das instituições locais, turistas de outros países contribuem com doações de medicamentos. Também são realizadas sessões de acupuntura, palestras sobre drogas e prevenção do câncer de mama.
“Nessa cidade todo mundo é D'Oxum. Homem, menino, menina, mulher. Toda gente irradia magia... A força que mora n'água não faz distinção de cor...”. É com essa música, interpretada por Gal Costa e de autor desconhecido, que podemos definir a filosofia de trabalho do Grupo União Espírita Santa Bárbara (Guesb), criado pela Yalorixá Mãe Neide de Oya D’Oxum, onde dinfunde a Umbanda e ajuda na formação e inclusão de crianças e adultos do bairro do Village Campestre II.
O trabalho social realizado com moradores da comunidade é fruto dos esforços da Mãe Neide, dona do terreiro e responsável pelos cursos e oficinas culturais realizados no local. Há sete anos o Projeto Inaê, hoje “Centro de Formação e Inclusão Social”, tem a finalidade de desenvolver ações voltadas para melhoria da qualidade de vida das crianças, adolescentes e adultos do Village Campestre II. O projeto realiza atividades, como capoeira, teatro, percussão, curso de cabeleireiro, culinária, dança afro-brasileira e corte costura. O que chama a atenção é que o atendimento não é apenas para as crianças, mas também para os pais, possibilitando uma capacitação profissional e inclusão no mercado de trabalho.
O projeto, também batizado de Filhos de Zumbi, interfere e transforma a vida dos participantes, a relação com a comunidade, as oportunidades que foram criadas e que levam em consideração a afirmação, o conhecimento e a vivência da cultura afrobrasileira. São 20 instrutores e colaboradores, divididos nos três turnos, que estão envolvidos com esses cursos e oficinas. Todo conhecimento passado nas aulas tem contribuído para melhorar a autoestima, a autoafirmação da população carente da localidade.
O Guesb, além de contar com recursos próprios da venda dos produtos confeccionados nas oficinas, recebe uma verba mensal do Ministério da Cultura através da Fundação Palmares. Uma das finalidades do grupo é divulgar a cultura afrobrasileira, assim como combater o preconceito e a discriminação contra as religiões de matriz africana. Os 138 participantes, entre crianças, adolescentes e adultos, realizam atividades diariamente no Centro. Recentemente o Guesb recebeu uma doação de dez computadores, ajudando assim no aprendizado dos componentes.
Passeio turístico
O Guesb criou há quatro anos o passeio turístico com o objetivo de divulgar a cultura afro e mostrar a história dos negros no Brasil, além de expor para os visitantes a histórias dos orixás e espíritos dos antepassados. Já na gastronomia, os turistas conhecem um pouco da culinária com um belo café regional, servido na casa de farinha que tem no espaço cultural. “A tapioca e o café no bule são feitos na hora. Aqui eles têm a oportunidade de conhecer uma casa de farinha, fogo à lenha, panela de barro, elementos usados pelos negros”, conta mãe Neide.
O espaço conta ainda com uma sala de atendimento médico. Há dois anos, através de doações de colaboradores, a área da saúde foi equipada e hoje conta com um clínico geral para atender as pessoas da comunidade. Além dos remédios gratuitos que o Grupo consegue através das instituições locais, turistas de outros países contribuem com doações de medicamentos. Também são realizadas sessões de acupuntura, palestras sobre drogas e prevenção do câncer de mama.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Entrevista de emprego
-“Gente vamos fazer um acordo? Eu dou boa tarde e vocês respondem para eu não passar vergonha. Boa tarde pessoal! Gente a razão que me trás aqui é situação de muito brasileiros, o desemprego. Eu tou aqui pedindo uma ajuda pra sustentar a mim e a minha família...”
Essas são as palavras constantes ouvidas no ônibus que fazem a linha da capital alagoana. Quando os execrados da sociedade não estão vendendo algum produto eles simplesmente pedem mesmo, afinal, esta é a única alternativa que eles encontraram para pelo menos amenizar a fome.
Como faço uso dos coletivos públicos para me locomover para o trabalho, volta e meia me deparo com situações engraçadas. Uma delas me recordo bem. Um dia ensolarado, e eu atrasada para uma entrevista de emprego, falava ao celular com a recepcionista, informando que teve um acidente e que chegaria um pouco depois do horário. Mas em meio a conversa, sobe uma menina, magrela, aparentado ter uns oito anos, muito suja e com uma roupa bem menor que seu manequim. Do nada a magrelinha começou a berra que até quem estava do lado de fora e do outro lado da rua escutou.
-“No dia em que sai de casa me mãe me disse filho vem cá. Passou a mão nos meus cabelos olhou em meus olhos começou a chorar...” A letra da música da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano saía em um agudo tão forte que eu não conseguia ouvir a conversa que estava tendo. A recepcionista do outro lado da linha.
-Minha querida não precisa cantar não, eu vou avisar ao chefe do Recursos Humanos que você vai se atrasar, e enxugue suas lágrimas para não fazer a entrevista com cara de choro e inchada.
–Mas eu não estou cantando nem chorando moça, é apenas... Ela nem deixou eu completar foi logo batendo o telefone na minha cara. Na hora morri de raiva da magrelinha que não parava de berrar, mas quando vi a situação dela, fiquei com um sentimento que não suporto sentir: Pena.
Dei a ela uns trocados que tinha na bolsa, ela agradeceu e saiu enxugando as lágrimas
Desci do ônibus e fui em direção a tal empresa, pensando: “O que será que a mulher está pensando. Na certa ela deve está achando que sou maluca, que chora por tudo...”
Ao chegar à empresa, a recepcionista me encaminhou para o Recursos Humanos, e não disse nada. Achei que ela não tinha dado importância à conversa que tivemos. Pensei: “Foi apenas impressão minha”.
Quando entro na sala tinha uma mulher alta e forte de jaleco, ela pediu que eu sentasse. Estava nervosa, fiquei ainda mais.
- Fique a vontade. Quer tomar uma água, café? Como foi seu dia hoje? Você está passando por algum momento difícil? Precisa de ajuda?
Nossa! Não entendi onde ela queria chegar com aquela conversa. Quando olhei mais atenta para o nome que estava escrito no jaleco: Flávia Moura, psicóloga. Entrei em pâni. A recepcionista contou sobre a conversa que tivemos. A psicóloga estava supondo que eu estava passando por um problema difícil!
Que ironia! Ganhei uma consulta gratuita no divã.
Essas são as palavras constantes ouvidas no ônibus que fazem a linha da capital alagoana. Quando os execrados da sociedade não estão vendendo algum produto eles simplesmente pedem mesmo, afinal, esta é a única alternativa que eles encontraram para pelo menos amenizar a fome.
Como faço uso dos coletivos públicos para me locomover para o trabalho, volta e meia me deparo com situações engraçadas. Uma delas me recordo bem. Um dia ensolarado, e eu atrasada para uma entrevista de emprego, falava ao celular com a recepcionista, informando que teve um acidente e que chegaria um pouco depois do horário. Mas em meio a conversa, sobe uma menina, magrela, aparentado ter uns oito anos, muito suja e com uma roupa bem menor que seu manequim. Do nada a magrelinha começou a berra que até quem estava do lado de fora e do outro lado da rua escutou.
-“No dia em que sai de casa me mãe me disse filho vem cá. Passou a mão nos meus cabelos olhou em meus olhos começou a chorar...” A letra da música da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano saía em um agudo tão forte que eu não conseguia ouvir a conversa que estava tendo. A recepcionista do outro lado da linha.
-Minha querida não precisa cantar não, eu vou avisar ao chefe do Recursos Humanos que você vai se atrasar, e enxugue suas lágrimas para não fazer a entrevista com cara de choro e inchada.
–Mas eu não estou cantando nem chorando moça, é apenas... Ela nem deixou eu completar foi logo batendo o telefone na minha cara. Na hora morri de raiva da magrelinha que não parava de berrar, mas quando vi a situação dela, fiquei com um sentimento que não suporto sentir: Pena.
Dei a ela uns trocados que tinha na bolsa, ela agradeceu e saiu enxugando as lágrimas
Desci do ônibus e fui em direção a tal empresa, pensando: “O que será que a mulher está pensando. Na certa ela deve está achando que sou maluca, que chora por tudo...”
Ao chegar à empresa, a recepcionista me encaminhou para o Recursos Humanos, e não disse nada. Achei que ela não tinha dado importância à conversa que tivemos. Pensei: “Foi apenas impressão minha”.
Quando entro na sala tinha uma mulher alta e forte de jaleco, ela pediu que eu sentasse. Estava nervosa, fiquei ainda mais.
- Fique a vontade. Quer tomar uma água, café? Como foi seu dia hoje? Você está passando por algum momento difícil? Precisa de ajuda?
Nossa! Não entendi onde ela queria chegar com aquela conversa. Quando olhei mais atenta para o nome que estava escrito no jaleco: Flávia Moura, psicóloga. Entrei em pâni. A recepcionista contou sobre a conversa que tivemos. A psicóloga estava supondo que eu estava passando por um problema difícil!
Que ironia! Ganhei uma consulta gratuita no divã.
sábado, 5 de junho de 2010
O fiasco de uma super produção
O filme sobre o médium Chico Xavier produzido pela Globo filmes não passa de uma biografia, além não acrescentar mais do o público já sabia
Quem esperava uma super produção se decepcionou. O filme não passou de uma biografia medíocre do médium Francisco de Paula Cândido Xavier, conhecido como Chico Xavier. Os fios da história são puxados a partir da entrevista que Xavier concedeu ao Programa “Pinga Fogo”, da TV Tupi. O vaivém no tempo abarca as fases da infância, adolescência e vida adulta. O médium que teve mais de 400 livros publicados e 25 milhões de exemplares vendidos foi a inspiração do diretor Daniel Filho.
As melhores passagens do filme são justamente os diálogos de alívio cômico entre o personagem principal e seu guia, Emanuel, incluindo uma piada sobre a peculiar peruca que Chico insistia em usar. Particularmente o que foi mais interesse foi a passagem de sua morte, que ocorreu em 2002, logo depois que o Brasil foi pentacampeão. O médium falou que só morreria quando o Brasil inteiro estivesse feliz, e assim o fez.
É verdade que poderíamos esperar muito mais de um filme produzido por Daniel Filho, entretanto a produção ficou muito limitada e global: com elenco e produção da Rede Globo. Lastimavelmente o produto final não acrescenta mais do que se sabe a respeito do médium, deixando bastante a desejar no que diz respeito à pessoa dele e sobre a mediunidade. Chico sai e entra de cena como um herói consolidado, um mito inquestionável.
Os movimentos marcantes com a grua enfatizam sensorialmente a temática e ajudam na narrativa visual. As oscilações de travelling valorizam os elementos narrativos, porém nada tão grandiosos. O autor escolhido para interpretar Chico Xavier, na fase adulta é o ator Nelson Xavier, pela sua fiel semelhança com o médium.
Assim, ao contrário do que se pensa, Chico Xavier não representa unanimidade no mundo espírita. Ainda que seguido e admirado por milhões de brasileiros, é do meio espírita mais apegado às tradições de Allan Kardec que vem pesada crítica ao seu trabalho. Ele observou valores do catolicismo, inventando um “espiritismo à brasileira”. Mas será que o espiritismo ganharia a expressividade que tem hoje no Brasil se não fosse a força desse vínculo com a tradição católica? Então quem quiser ente entender mais sobre mediunidade, por favor, não assista ao filme.
Quem esperava uma super produção se decepcionou. O filme não passou de uma biografia medíocre do médium Francisco de Paula Cândido Xavier, conhecido como Chico Xavier. Os fios da história são puxados a partir da entrevista que Xavier concedeu ao Programa “Pinga Fogo”, da TV Tupi. O vaivém no tempo abarca as fases da infância, adolescência e vida adulta. O médium que teve mais de 400 livros publicados e 25 milhões de exemplares vendidos foi a inspiração do diretor Daniel Filho.
As melhores passagens do filme são justamente os diálogos de alívio cômico entre o personagem principal e seu guia, Emanuel, incluindo uma piada sobre a peculiar peruca que Chico insistia em usar. Particularmente o que foi mais interesse foi a passagem de sua morte, que ocorreu em 2002, logo depois que o Brasil foi pentacampeão. O médium falou que só morreria quando o Brasil inteiro estivesse feliz, e assim o fez.
É verdade que poderíamos esperar muito mais de um filme produzido por Daniel Filho, entretanto a produção ficou muito limitada e global: com elenco e produção da Rede Globo. Lastimavelmente o produto final não acrescenta mais do que se sabe a respeito do médium, deixando bastante a desejar no que diz respeito à pessoa dele e sobre a mediunidade. Chico sai e entra de cena como um herói consolidado, um mito inquestionável.
Os movimentos marcantes com a grua enfatizam sensorialmente a temática e ajudam na narrativa visual. As oscilações de travelling valorizam os elementos narrativos, porém nada tão grandiosos. O autor escolhido para interpretar Chico Xavier, na fase adulta é o ator Nelson Xavier, pela sua fiel semelhança com o médium.
Assim, ao contrário do que se pensa, Chico Xavier não representa unanimidade no mundo espírita. Ainda que seguido e admirado por milhões de brasileiros, é do meio espírita mais apegado às tradições de Allan Kardec que vem pesada crítica ao seu trabalho. Ele observou valores do catolicismo, inventando um “espiritismo à brasileira”. Mas será que o espiritismo ganharia a expressividade que tem hoje no Brasil se não fosse a força desse vínculo com a tradição católica? Então quem quiser ente entender mais sobre mediunidade, por favor, não assista ao filme.
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