sábado, 5 de junho de 2010

O fiasco de uma super produção

O filme sobre o médium Chico Xavier produzido pela Globo filmes não passa de uma biografia, além não acrescentar mais do o público já sabia


Quem esperava uma super produção se decepcionou. O filme não passou de uma biografia medíocre do médium Francisco de Paula Cândido Xavier, conhecido como Chico Xavier. Os fios da história são puxados a partir da entrevista que Xavier concedeu ao Programa “Pinga Fogo”, da TV Tupi. O vaivém no tempo abarca as fases da infância, adolescência e vida adulta. O médium que teve mais de 400 livros publicados e 25 milhões de exemplares vendidos foi a inspiração do diretor Daniel Filho.

As melhores passagens do filme são justamente os diálogos de alívio cômico entre o personagem principal e seu guia, Emanuel, incluindo uma piada sobre a peculiar peruca que Chico insistia em usar. Particularmente o que foi mais interesse foi a passagem de sua morte, que ocorreu em 2002, logo depois que o Brasil foi pentacampeão. O médium falou que só morreria quando o Brasil inteiro estivesse feliz, e assim o fez.

É verdade que poderíamos esperar muito mais de um filme produzido por Daniel Filho, entretanto a produção ficou muito limitada e global: com elenco e produção da Rede Globo. Lastimavelmente o produto final não acrescenta mais do que se sabe a respeito do médium, deixando bastante a desejar no que diz respeito à pessoa dele e sobre a mediunidade. Chico sai e entra de cena como um herói consolidado, um mito inquestionável.

Os movimentos marcantes com a grua enfatizam sensorialmente a temática e ajudam na narrativa visual. As oscilações de travelling valorizam os elementos narrativos, porém nada tão grandiosos. O autor escolhido para interpretar Chico Xavier, na fase adulta é o ator Nelson Xavier, pela sua fiel semelhança com o médium.

Assim, ao contrário do que se pensa, Chico Xavier não representa unanimidade no mundo espírita. Ainda que seguido e admirado por milhões de brasileiros, é do meio espírita mais apegado às tradições de Allan Kardec que vem pesada crítica ao seu trabalho. Ele observou valores do catolicismo, inventando um “espiritismo à brasileira”. Mas será que o espiritismo ganharia a expressividade que tem hoje no Brasil se não fosse a força desse vínculo com a tradição católica? Então quem quiser ente entender mais sobre mediunidade, por favor, não assista ao filme.

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