quarta-feira, 28 de abril de 2010

Nordeste: em busca do lixo atômico

Alagoas é um forte candidato para receber o investimento da usina nuclear

A disputa está acirrada, Alagoas é um dos estados mais cotados do Nordeste para receber uma das quatro usinas nucleares, passando por cima de vários estados mais desenvolvidos. As discussões acerca da instalação da usina divide opiniões de ambientalistas e políticos. A “menina dos olhos de ouro” vem provocando abalos na política, afinal, estamos falando de um valor estimado em quatro bilhões de dólares cada.


Angra I é a primeira usina nuclear do Brasil, que começou a ser construída em 1972, mas seu funcionamento só foi liberado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), doze anos mais tarde. A segunda usina, Angra II entrou em operação em 2000. Ainda em Angra dos Reis, estão construindo Angra III, previsto para funcionar em 2015. O Programa Nuclear Brasileiro (PNB) projeta a construção de mais quatro usinas nucleares no país, duas delas serão instaladas no Nordeste.

Diante do contexto político do Brasil, a divulgação da localização das usinas do Nordeste só será anunciada em março deste ano. O interesse cresceu, em cima da instalação das fontes atômicas, devido ao investimento bilionário, mas deverá ser levada em consideração a disponibilidade de água e critérios como: estrutura geológica estável e baixa concentração populacional.

De acordo com o governador Teotônio Vilela Filho, em entrevista concedida para o site Cada Minuto, em novembro do ano passado com a instalação da usina nuclear em Alagoas, haverá um crescimento acentuado na economia do Estado, com a geração de cerca de 4 mil empregos de início, mais renda, mais impostos e royalties . Embora não exista oferta de formação qualificada para a área de energia nuclear em Alagoas.

Para o engenheiro ambiental e superintendente do Instituto de Meio Ambiente (IMA), Adriano Gustavo, a decisão de instalar uma usina nuclear no Nordeste, é pelo fato de que o Rio São Francisco não suporta mais a construção de barragens. Há planos para se investir no município de Coruripe, a pretensão é ampliar o estaleiro e a construção de um porto, que será utilizado para o transporte de urânio.

Divergência de opiniões

A Lei Estadual 5.017/88 proíbe a instalação de usina nuclear, derivados e similares, e a guarda de lixo radioativo e de química letal no Estado. Os outros estados que estão na disputa também possuem restrições constitucionais para a instalação de usina nuclear em seu território.

O Greenpeace, órgão de defesa do meio ambiente, tem se mostrado contrário à essa fonte de energia, devido aos habitantes de áreas próximas das usinas apresentarem um índice maior de problemas de saúde, que são agravados pelos resíduos lançados nos lençóis freáticos e para a Terra. Sem falar nos resíduos atômicos que até hoje os estudiosos não sabem o que fazer com ele.

Ao contrário do Japão, que tem 90% da sua energia produzida por usinas nucleares, o Brasil é o maior país do mundo no uso de fontes de energias renováveis. Quase metade da energia consumida na nação é proveniente de fontes alternativa. Elas são obtidas de fontes naturais, como sol, vento, sendo encontradas facilmente em países tropicais como o nosso.

Onde poderia ser instalada a usina

A exigência para a instalação da usina nuclear é que ela seja instalada próxima à às margens de rios ou mares, fator primordial para seu funcionamento. Há ainda uma preocupação em relação às comunidades próximas, assim é primordial a instalação em áreas com baixa ocupação populacional.

A princípio, o melhor local seria entre as usinas de Paulo Afonso e Xingó, mas segundo o engenheiro sanitarista ambiental, Frederico Passos, o lugar mais apropriado para a instalação da usina em Alagoas seria o município de Coruripe. “Pelas condições econômicas e por já ter um estaleiro, o melhor lugar para instalação seria Coruripe, até porque há um projeto de construção de um porto para que a usina seja abastecida, principalmente com o urânio, matéria prima para o funcionamento da energia”, complementou Passos.

Fontes alternativas

As tecnologias de aproveitamento solar e eólico já estão em fase de maturidade suficiente para permitir sua aplicação comercial, estudos feitos pelo Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) comprova que essas fontes serão bem sucedidas, principalmente em nível internacional. O aumento da eficiência e a redução de custos destas tecnologias apontam para uma tendência de aumento de sua inserção na matriz energética.

O Brasil é campeão mundial na utilização de fontes renováveis. Cerca de 46% da energia consumida é proveniente das fontes alternativas. Mas esse resultado só foi possível graças à produção de energia elétrica por hidroelétricas, que corresponde a 15% do total de energia renovável. Um dado importante é que o Brasil está investindo na biomassa, ou seja, está deixando de lado o gás natural e apostando na energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar.

Para o especialista em fontes alternativas, Wenner Gláucio, a energia elétrica gerada a partir dos ventos é uma saída que o país, e principalmente Alagoas, terá de adotar urgentemente. “O Brasil possui fontes alternativas e ecologicamente corretas. Comparando com a energia hidráulica que é finita, a eólica é infinita e se renova a cada dia”, completa Wenner Gláucio.

“A única fonte de energia inesgotável e externa ao nosso planeta é o sol. Para se ter uma idéia deste enorme potencial, basta dizer que a quantidade de sol que incide na terra durante dez dias é equivalente a todas as reservas de combustíveis fósseis existentes. No Nordeste já existe placas que captam o sol e transformam em energia”, afirma o especialista.



Tecnologia nuclear

Estudos mostram que optar pela fonte nuclear produz uma energia ambientalmente limpa, não contribui com o efeito estufa e não sofre efeitos nas variações climáticas. A energia nuclear faz uso de um combustível nacional, o Urânio. O Brasil é dono da sexta maior reserva de urânio do mundo, matéria prima indispensável para o funcionamento.

Uma usina nuclear abastece apenas uma região com 50 mil habitantes, um espaço equivalente a dois estádios Rei Pelé. Para abastecer o Estado de Alagoas, seriam necessárias 40 usinas nucleares, um investimento aproximadamente de 160 bilhões de dólares. O problema do efeito estufa estaria resolvido, se houvesse lugar apropriado para colocar os resíduos atômicos, e não oferecesse riscos à saúde da população.

Há também uma preocupação para os compradores de energia, ou seja, é preciso saber se haverá público para consumir tal energia. Quando falamos em vender energia é preciso entender que: toda energia produzia é vendida, na verdade ela é leiloada, quem oferecer um valor maior, obtém a fonte. Segundos dados da Companhia Energética de Alagoas (Ceal) a energia produzida em Alagoas é vendida à empresa por 27 dólares

Em março do ano passado, ocorreu um vazamento de material radiativo na usina nuclear Angra II, contaminando quatro dos seis funcionários que estavam no local. A empresa informou em nota que foi uma falha de um dos operadores que esqueceu uma das portas abertas, permitindo a circulação do material radioativo. Ainda foi liberado para o meio ambiente cerca de 0,2% dos limites estabelecidos pela Comissão Nacional de energia Nuclear. Embora os danos sejam poucos, a falha aconteceu e pessoas poderiam ficar gravemente feridas.

Caminho oposto

Depois do acidente ocorrido em 1986, em Chernobyl, cujos efeitos atingem até hoje a população, a Alemanha se mostrou preocupada com os riscos que as usinas nucleares oferecem. Os ambientalistas abriram os olhos da sociedade alemã para os altos riscos de acidentes e ainda, que o destino nuclear dos resíduos é um problema de resolução ainda pendente.

O governo e os empresários decidiram investir mais nas fontes renováveis e sustentáveis e a aumentar a eficiência energética, dando destaque para as energias solar e eólica. Eles ainda apostaram nas pesquisas de desenvolvimento do hidrogênio como opção energética. Assim, a Alemanha pretende ser líder mundial em termos de sustentabilidade ambiental.

A opinião pública alemã foi consultada e entendeu que investir em usina nuclear não vale à pena, principalmente pelo custo bilionário. O Brasil, diferentemente, não solicitou a opinião da população e tem investido fortemente na tecnologia. O Ministro Lobão declarou em 2008 que, até 2058 o Brasil instalaria uma usina nuclear por ano. Um salto bem maior que os declarados “50 anos em 5”, pelo então presidente Juscelino Kubitschek em 1956. Mas percebendo o erro, voltou atrás nas declarações.

A Alemanha prometeu que até 2021 desligaria sua última fonte de energia nuclear. Não será fácil cumprir o acordo, afinal o país ocupa a quinta colocação em consumo de energia. Mas no ano passado as discussões acerca da não desativação voltaram à tona, assim as “usinas seguras” correm o risco de continuar funcionando.

4 comentários:

  1. Não acredito nisso.
    Não podemos deixar isso acontecer será pessimo para o nosso estado!

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  2. Até que em fim, li esse texto! rssrs
    Mandou ver em, muito bem construído adorei!

    Beijos

    Alana

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  3. O que deveria ser feito era um plebicito para que a população decidisse se queria ou não a construção dessas usinas, mas a democracia só existe de quatro em quatro anos na hora de votar nesses ladrões, depois disso a democracia morre e vira ditadura.

    Alana

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  4. Democracia no Brasil o que é isso???
    Obga pela visita!
    ;***

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