domingo, 20 de fevereiro de 2011

Entenda a doença que pode ter levado Ronaldo a abandonar a carreira

Em uma coletiva na última segunda-feira, o jogador afirmou que o motivo de abandonar a carreira seria o hopotireoidismo

Diante das declarações feitas durante a coletiva de despedida do jogador Ronaldo Luiz Nazário, mais conhecido como Ronaldo Fenômeno, onde foi anunciada a sua aposentadoria do futebol, devido ao Hipotireoidismo o Cadaminuto procurou um médico endocrinologista para desmistificar as consequências da doença, que pode ter tirado dos gramados o maior jogador dos últimos tempos.
"Há quatro anos eu descobri, quando estava no Milan, que sofria de um distúrbio que se chama Hipotireoidismo. É um distúrbio que desacelera o metabolismo e para controlá-lo é necessário tomar alguns hormônios proibidos no futebol, por poder acusar doping", afirmou Ronaldo.
De acordo com o jogador, uma disfunção na glândula tireóide, que regula importantes órgãos do corpo, chamada de Hipotireoidismo, seria responsável pelo excesso de peso que resultou em constantes críticas de torcedores e comentaristas.
O endocrinologista Edson Perroti explicou que as declarações do jogador, afirmando que o excesso de peso estaria ligado à disfunção na tireóide não procedem. Ele afirmou que quem tem a doença não necessariamente engorda.
“Ligar o hipotireoidismo ao ganho de peso não é correto. A pessoa pode ganhar alguns quilos, mas é devido ao metabolismo que fica mais lento, causando o acúmulo de água no organismo. No caso, a pessoa fica inchada, e não como ele falou que está bem acima do peso”, frisou o endocrinologista Edson Perroti.
O médico fala que as declarações do atleta serviram para que a sociedade busque saber o que é e como a doença de manifesta.
“Foi uma oportunidade ímpar para sociedade conhecer um pouco mais sobre as disfunções da tireóide. Há outros sintomas que são mais conhecidos, como o cansaço, sono, a fadiga, unhas fracas e até a queda de cabelo. É também uma doença que não tem cura e a pessoa passa o resto da vida tomando hormônios”, alerta o Edson Perroti.
Um alerta que o médico frisa é a questão do doping, motivo que também fez o jogador anunciar a aposentadoria.
“O que o Ronaldo falou do doping também não procede. Os hormônios que são utilizados são o T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) e como o corpo não produz é preciso fazer uso deles. Mas, esses hormônios não estão na lista dos que são caracterizados como doping no futebol. Sendo assim, ele poderia se tratar normalmente e continuar com a carreira nos gramados”, afirma o endocrinologista.

O tratamento é feito com a ingestão diária da substância levotiroxina sódica, na quantidade prescrita pelo médico. "Trata-se de uma reposição hormonal simples e barata", conta Edson. Dependendo do laboratório, o medicamento é vendido por cerca de R$ 15. "Não existe justificativa para não tratar. Se feito corretamente, inexiste efeito colateral. A vida vai ser normal", conta.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) o problema é mais comum em mulheres, mas pode atingir qualquer pessoa, independente de gênero ou da idade, até mesmo recém-nascidos - neles, a disfunção pode ser diagnosticada por meio do "Teste do Pezinho". Na criança, a disfunção se manifesta em problemas de memória, concentração, déficit de aproveitamento escolar ou baixa estatura.
Sintomas

Entre os sintomas do hipotireoidismo estão depressão, inchaço, sonolência, desaceleração dos batimentos cardíacos, intestino preso, menstruação irregular, falhas de memória, cansaço excessivo, dores musculares, pele seca, queda de cabelo, ganho de peso e aumento de colesterol. "É comum a pessoa adulta descobrir fazendo um check-up atrás da causa de não conseguir emagrecer, dormir muito, se sentir muito cansada. Muitas acham que tudo isso é excesso de trabalho, mas, às vezes, é o hipotireoidismo", afirma Edson Perroti.
A doença é mais frequente em mulheres dos 20 até os 50 anos. "Estima-se que 20% das mulheres tenham o problema", lembra a endocrinologista. Atenção, não se deve confundir hipotireoidismo com hipertireoidismo: no"hipo" há diminuição da produção de hormônios; no "hiper", aumento. Para diagnosticar a doença basta um exame de sangue.

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