terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Maus tratos e abandono: 10 mil animais de rua vagam em Maceió

Maltratar animais é crime, diz a lei

Maus tratos e abandono. Esta é a triste realidade dos milhares de animais de ruas, que vagam na capital alagoana em busca de comida, carinho e atenção. Cavalos, gatos, cachorros e outros animais soltos pelas ruas só podem contar com a ajuda de voluntários. Abrigos que cuidam dos bichos maltratados ou que moram nas ruas funcionam apenas com doações e nenhuma ajuda do governo.
A legislação atual diz que maltratar animais, quer sejam eles domésticos ou selvagens, caracteriza-se como crime ecológico, conforme art.32 da Lei 9.605, de 13.02.98, com detenção de três meses a um ano, e multa, para quem praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.
Ou seja, maltratar animais é crime. Já o Dec.Fed. 24.645/34, que ainda está em vigor quanto ao que se pode considerar maltratar, elenca nos artigos 3º ao 8º os atos assim considerados. Existe ainda legislação específica que disciplina a utilização de animais em experiências científicas.
Com a visão de diminuir o sofrimento, o Neafa acolhe esses animais de rua ou semi-domesticados e devolve para a sociedade na condição de adoção. É uma organização da sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos, formada por voluntários e colaboradores que contribuem com dinheiro, doações, tempo e habilidades para diminuir a quantidade de animais abandonados e minimizar o sofrimento desses animais de rua. Além de diminuir a população de animais.
Não existem dados precisos sobre a quantidade de animais abandonados no Estado de Alagoas, estimando-se que a população de gatos e cachorros que vive pelas ruas da capital, Maceió, corresponda a aproximadamente 10% da população humana, ou seja, cerca 10 mil animais espalhados, só entre cachorros e gatos.
Voluntários
De acordo com a psicóloga que há anos está na organização do Neafa, Luceli Mergulhão, qualquer pessoa pode contribuir com a instituição, seja como voluntário ou por doações.
“Para ser voluntário basta apenas ter tempo para ajudar nas tarefas, como alimentar os animais, dar banho, esterilizar o local onde os animais ficam, para evitar o carrapato, por exemplo”, lembrou a colaboradora Luceli.
Há seis meses sendo voluntário, Jeferson Alves fala que toda ajuda é bem vinda no Núcleo e que qualquer pessoa pode ser voluntária.
“Sempre gostei de animais, já tive e ainda tenho muitos na minha casa. Acho que foi por isso que me tornei voluntário. O bom é que qualquer pessoa pode ser voluntária, ou com tempo para cuidar dos animais do Núcleo ou com qualquer tipo de doação, como ração, materiais de limpeza”, disse o voluntário Jeferson Alves.
Doações
No momento que nossa equipe de reportagem estava conhecendo o núcleo, uma doação inesperada chegou trazida pelo mais novo voluntário e doador, Carlos Ezequiel.

“Sempre quis ajudar, não estava fazendo nada e resolvi trazer alimentos para os animais. Acredito que se cada um fizer um pouco, já muda e muito a situação desses animais. Tenho muito amigos que pretendem ajudar também”, afirmou o voluntário Carlos Ezequiel.
Ele ainda apresentou uma reação de espanto quando a recepcionista afirmou que no dia anterior não tinha comida para alimentar os animais. “Alguma coisa me tomou e disse que eu precisava ajudar, agora vejo o porquê”, desabafou Carlos.
O Núcleo precisa de vários tipos de doações, desde materiais cirúrgicos, como luvas e bisturi, a alimentação dos animais.
“Nós precisamos de toda doação possível. Até um simples jornal por incrível que pareça já faz diferença. Nós precisamos de materiais de limpeza, remédios, materiais cirúrgicos e hospitalares, casinhas de animais, lençóis, toalhas e muito mais”, afirmou a colaboradora Luceli Mergulhão.
Adoção
O Neafa ainda realiza feiras de adoções todo mês, uma oportunidade não apenas de adotar animais, mais de arrecadar doações.
“Há anos organizo essas feiras, houve determinados meses que chegamos a realizar duas feiras em um mês. As feiras servem não só para a promoção de adoção, e sim de doações e divulgação dos trabalhos do Núcleo. Cerca de 10 adoções são concretizadas, pois ainda há aquelas que as pessoas adotam e devolvem ao Neafa, por não ter o comprometimento. São bonitinhos na hora, mas quando fazem bagunça, xixi, as pessoas não agüentam e devolvem”, frisou Luceli Mergulhão.
Mas há várias pessoas que pensam em adotar um animal, e podem enfim oferecer um lar para os animais que não tiveram uma oportunidade.
“Sempre ajudei o Neafa, quando estava sem dinheiro, levava apenas jornal. Depois quis adotar um cachorro, mas tinha que ser pequeno, pois moro em apartamento. Depois de algum tempo me disseram que tinham uma cadela e que podia ser compatível com meu perfil”, afirmou a psicóloga Flávia Lemos.
Flávia nos contou ainda a história da sua cadela que recebeu o nome de ‘Vida’, porque a partir do momento que ela saiu da casa de adoção ganhou uma nova vida. “Ela sofreu muito pois além de viver nas ruas estava com uma mulher que consumia crack que a espancava muito. Já estou com a Vida tem um ano e meio e ela é a minha amiga, minha companheira”, disse cheia de emoção Flávia Lemos.
Mas os voluntários não apenas ajudam com serviços ou doações, muitos também colaboram adotando animais.
“Tenho mais de dez cachorros na minha casa adotados pelo Neafa. Além voluntária também adoto animais”, afirmou a voluntária e colaboradora, Luceli Mergulhão.
Contatos do Neafa:
Site: http://www.neafa.org.br/home

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