Dormir ao lado de alguém que ronca não é tarefa fácil. Pesquisas indicam que no Brasil 30% dos homens têm esse problema contra 10% das mulheres. Mas, muitas vezes quem sofre com esse distúrbio, sofre sem saber. Porém, o ronco pode indicar uma doença ainda mais grave: a apneia do sono, que provoca pequenas e constantes paradas respiratórias ao longo da noite.
O distúrbio da apneia do sono, também faz o cérebro forçar a pessoa a respirar. De acordo com o cardiologista Kleber Oliveira, muitos indivíduos sofrem com flacidez nos músculos da faringe e, quando deitam, o palato mole vai para trás e obstrui ainda a passagem do ar.
“O risco da apneia do sono aumenta quando as pessoas estão acima do peso, o que aumenta o risco de infarto. Esses problemas são mais incidentes nos homens e os sintomas aumentam, quando estão associados ao consumo de bebidas alcoólicas e com o cansaço, pois há um relaxamento maior do músculo da garganta”, disse o cardiologista.
Para diagnosticar a doença é realizado um exame de polissonografia, que grava e monitora o sono. “Muitas vezes as pessoas roncam e pensam logo: é apneia do sono, mas outras doenças podem estar ligadas ao sono, como o bruxismo, que é tratado pelo fonoaudiólogo”, relatou Kleber Oliveira.
Para a neurologista e especialista em sono Lívia Gitaí, A síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) é mais frequente em homens, obesos, idade acima de 65 anos e mulheres após a menopausa. “O ronco e a sonolência diurna excessiva são os principais sinais, mas em mulheres, é comum manifestar-se como insônia” afirmou a especialista.
Tratamentos
De acordo com Lívia Gitaí os tratamentos para a doença dependem das características de cada paciente e da gravidade da síndrome. “O principal tratamento é dormir usando um aparelho chamado CPAP (continuous positive airway pressure) que, através de uma máscara nasal, faz com que o ar respirado não permita a obstrução das vias aéreas que geram a apnéia. Em alguns casos de doença leve ou moderada podem ser úteis aparelhos intra-orais e, em poucos casos, pode ser útil a realização de cirurgia”, disse a especialista.
Riscos
A SAOS aumenta o risco de acidentes de tráfego e de trabalho, aumenta o risco de doenças cardiovasculares (hipertensão arterial sistêmica, infarto agudo do miocárdio, angina do peito, arritmias, morte súbita), acidente vascular encefálico ("derrame"), refluxo gastro-esofágico.
Deitar de lado, em geral, ajuda a melhorar a apneia. Porém, é preciso redobrar a atenção quando se dorme de barriga para cima, porque favorece a obstrução do ar.
Casos
O funcionário público Manoel de Carvalho já passou por vários momentos desagradáveis enquanto dormia. Ele conta que perdeu as contas de quantas vezes acordou com o próprio ronco.
“Eu não só me acordo com o barulho do ronco. Já sofri e muito com engasgo, no meio da madrugada, de procurar o ar e não encontrar. Pensei que iria morrer. É um incomodo, não só para minha esposa que está ao meu lado, mas também para as minhas filhas, que acordam assustadas com todo o barulho que faço.”, lembrou Carvalho.
O engenheiro Ygor Rodrigues, também tem problemas com o ronco. “Perdi as contas de quantas vezes me acordo no meio da noite com meu próprio ronco. E se eu mesmo acordo, imagina o incômodo que não deve ser para quem mora comigo. Não sofro apenas com o ronco, mas falo bastante a noite e não me lembro de nada depois”, disse o engenheiro.
A empresária Josiane Almeida diz que relutou para procurar um especialista. “Eu não acreditava quando o meu marido dizia que eu roncava, e que percebia que eu parava de respirar. Achava impossível parar de respirar e estar viva, até o momento que sofri um forte engasgo e fui às presas para o hospital. E foi diagnosticada a doença. Hoje eu ronco, mas bem menos, mudei minha alimentação, faço exercícios físicos”, revelou a empresária.
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