segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Conheça a história de um super pai, sinônimo de amor e abdicação

Bom dia gente! Essa foi a matéria que fiz para o dia dos pais para o site cadaminuto. Super adorei fazer, além de ter chorando litros! Espero que vocês gostem!

Em meio ao piso simples, vários portões e poucos móveis, moram Carlos Antônio e Luana, pai e filha. No momento em que a reportagem do CadaMinuto chegou à casa de número 187, na Avenida Rotary, o Pai, que também faz as vezes de mãe, estava dando banho em Lua e pediu para que nós esperássemos.
A reportagem acompanhou o “super herói” arrumando sua filha antes de ir ao trabalho e, em meio ao simples passar de escova no cabelo de Luana, ele contou um pouco da história de superação e abdicação que vive diariamente ao se entregar de corpo e alma à criação da menina, que precisa de assistência 24 horas por dia.
No dia 08 de fevereiro de 2002 veio ao mundo uma menina linda, que por uma fatalidade nasceu com


retardo mental. Luana Kallyne Gomes foi uma vencedora durante os 12 dias em que ficou hospitalizada na UTI, ela sobreviveu. Porém, a luta da pequena Lua estava apenas começando. Logo nos primeiros meses de vida ela foi abandonada pela mãe, ficando apenas sob os cuidados do pai.
No começo, Carlos não entendeu muito bem o que era ser pai, principalmente por ter que cuidar de um ser especial. Esse “Pai-mãe” teve que pedir demissão do trabalho por não conseguir dar assistência à Lua que precisa de toda a sua atenção. Os dias foram se passando e as dificuldades começaram a aparecer. Pai solteiro e sem emprego, ele se perguntou o que fazer?
Esse “super herói” encontrou uma luz no fim do túnel. “Em nenhum momento pensei em abandonar minha filha, pelo contrário, sempre fiz e sempre vou fazer tudo por ela. Só Deus para me dar forças para que eu aguente o dia a dia, que não é fácil”, disse Carlos emocionado.
A pequena Luana ainda não consegue tomar banho ou sair sozinha, mas com a ajuda do pai, já consegue pronunciar algumas palavras e anda por toda a casa, motivo de orgulho de Carlos. Essa família vive com um salário mínimo, concedido pelo INSS devido à deficiência de Luana. Mas as despesas com uma criança especial ultrapassam esse valor. Por isso Carlos trabalha como autônomo e atua como despachante de documentos de algumas construtoras e em todas as suas viagens Luana o acompanha.
“Tem meses que ainda consigo tirar R$ 200 a mais, mas tem meses que passamos mesmo só com a ajuda da Luana. Toda secretaria que visito, a Lua vai comigo. Não tenho com quem deixar, o único jeito é levar ela comigo”, desabafou Carlos.
A reportagem acompanhou um dia de trabalho do super “Pai-mãe” e a rotina de Luana também. Eles pegam o ônibus e Carlos sempre colado em Luana, e muitas vezes quando só tem um acento vago fica para a criança. E começa a luta: eles percorrem a pé várias empresas. Luana faz questão de ajudar.
“Ela hoje ainda tenta me ajudar levando o protocolo e pede para que as pessoas assinem. É claro que ela pede do jeito dela e os companheiros já entendem”, disse Carlos para mostrar o quanto ela é conhecida e querida por onde passa.
Após a pausa para o almoço, o “Pai-mãe” leva a pequena Luana para a escola da Pestalozzi e ele retorna para a rotina árdua de trabalho para que a renda no fim do mês aumente. Na escola, Lua é muito carismática com todos. Às 17 horas Carlos volta para pegar a filha e enfim retornam para a casa.
“Luana não para um segundo. Ela gosta muito de brinquedos específicos de encaixe. Mas uma coisa que consegue prender a atenção dela são as músicas de louvor. Sempre vamos à igreja para agradecer tudo de maravilhoso que Deus nos deu. Não é por causa das limitações que nós temos que reclamar da vida, pelo contrário, temos que agradecer porque Deus é maravilhoso”, desabafou Carlos.
Ele conta ainda que depois do sumiço da mãe de Luana teve dois relacionamentos, mas nada que fosse duradouro. “Mulher eu encontro em cada esquina. Preciso de uma companheira, que possa estar comigo nessa luta e acima de tudo, aceitar minha filha como ela é”, disse emocionado.
Sem energia
Em meio à conversa, é possível que essas não são as únicas lutas enfrentadas pela família. Em junho do ano passado, mais precisamente no dia da estreia do Brasil na Copa do Mundo, a casa de 187 da Avenida Rotary, fica sem energia. Mas não foi por um blecaute, e sim por uma dívida que beirava R$ 7 mil. Como não tinham a quantia, a casa ficou seis meses à luz de vela. Contudo, a família não perdeu o brilho.
“Foi um momento muito difícil. Imaginem o que é ficar seis meses sem energia e com uma criança especial? Mas Deus é maravilhoso, eu deixava comida na casa dos vizinhos, em uma caixa térmica em casa e assim consegui superar. Fiz um acordo com a companhia de energia, mas mesmo assim a dívida ficou pesada, R$4.800 a ser paga impreterivelmente no dia 29 de dezembro. E eu consegui, com a ajuda de amigos e de Deus”, disse Carlos.
Carlos ainda consegue ter um momento para ele. “Aos sábados gosto de jogar bola com meus amigos, mas não levo Lua comigo acho muito arriscado, uma bola bater nela, e também não gosto de deixar ela em um ambiente só com homem. Aí recorro à minha tia, deixo Luana com ela”, disse.
Por sua história de superação, esse “pai-mãe” ganhou um diploma da Comenda Gerônimo Siqueira, o Gerônimo da Adefal, pelos relevantes serviços prestados não apenas a sua filha, mas para toda a comunidade da Adefal.
Esse “super herói” é um exemplo, sem dúvida, de superação, de renúncia, que viveu e vive diariamente na criação da menina-bebê, que precisa de carinho e assistência 24 horas por dia. Na casa de número 187 na Avenida Rotary mora uma família feliz, moram o “Pai-mãe” Carlos Antônio e Luana Kallyne, uma criança mais do que especial.

Link do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=NA6kO0jTrgA


Fotos e texto: Michelle Farias.
Edição: Ygor Rodrigues

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